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Valor desceu ligeiramente, mas há paróquias que registaram aumento exponencial.
O peditório da Cáritas angariou cerca de 296 mil euros, menos 0,7% face a 2012, havendo, contudo, casos de dioceses em que os montantes aumentaram quase sete vezes, revelou à agência Lusa o presidente da instituição.
"Contrariamente àquilo que receávamos, o decréscimo, este ano, não foi significativo, porque apenas tivemos uma redução de 0,7%", disse Eugénio Fonseca, que temia uma "redução mais acentuada" devido às informações transmitidas "em cima da realização do peditório".
Segundo os dados da Cáritas, foram angariados no peditório, que decorreu entre 25 de Fevereiro e 3 de Março, 296.126,38 euros, menos 2.139,75 euros do que em 2012.
"Algumas dioceses conseguiram subir os valores relativamente ao ano passado, mas a maioria diminuiu o montante, algumas significativamente", disse Eugénio Fonseca.
Houve casos de dioceses em que os donativos aumentaram substancialmente, mas o presidente da Cáritas explicou que esta situação não se deve ao poder económico dos portugueses, mas ao facto de mais paróquias terem aderido ao peditório e terem sido colocados mais voluntários nas ruas.
Eugénio Fonseca apontou os casos de Coimbra, que registou um aumento de 485%, passando de 4.000 euros em 2012 para 26.000 euros este ano, Aveiro (452%) e Vila Real (174%).
Deu ainda o exemplo Setúbal, afirmando que, apesar de ser "uma diocese com tantas dificuldades", conseguiu aumentar o montante angariado no peditório em cerca de 15%.
No lado oposto, estão os Açores, que viram diminuir em 53% o valor dos donativos, o Funchal (menos 27%), a Guarda (menos 25%) e Viseu (menos 22%).
"Nestes casos, teremos efectivamente o reflexo das dificuldades das pessoas, porque saíram as mesmas pessoas para a rua em relação ao ano passado e aderiram as mesmas paróquias", comentou Eugénio Fonseca.
Em Portugal existem 4.350 paróquias, das quais cerca de 2.500 realizam o peditório. Há paróquias que não aderem, mas não é por falta de motivação: "Muitas vezes, sobretudo nas paróquias mais rurais, não existem pessoas disponíveis para fazer o peditório", porque são populações envelhecidas.
"Este trabalho não pode ser pedido a pessoas de idade avançada, porque exige um grande esforço", explicou.
Eugénio Fonseca adiantou que os valores angariados no peditório vão ser aplicados nas necessidades de subsistência básica das pessoas, nomeadamente na alimentação, nos cuidados de saúde, na educação e na habitação, "o problema crucial neste momento do país".
As ajudas terão como um dos destinos as pessoas que "estão em risco de perder a casa, porque deixaram de ter capacidade de pagar a renda ou a prestação ao banco pelo empréstimo que contraíram".
Segundo Eugénio Fonseca, os números de pedidos de ajuda às Cáritas aumentaram em Janeiro relativamente a Dezembro.
"A indicação que temos é que não pára de aparecer casos novos", mas os números começam a ser "menos expressivos porque há Cáritas diocesanas que estão a deixar de ter capacidade para acompanhar mais situações novas", como é caso do Porto, Viseu, Évora e Algarve, que estão com listas de espera há muito tempo.


