Alexandra Figueira, in Jornal de Notícias
Trás-os-Montes recebeu 242 ofertas de trabalho, para mais de 21 mil desempregados, em dezembro. Só três concelhos têm menos desemprego do que a média nacional
Por Trás-os-Montes, o desemprego grassa mais do que no global do país. Ao ritmo a que as ofertas de trabalho surgem nos centros de emprego, seriam precisos sete anos para os pôr todos a trabalhar.
Só uma parte dos empregos vagos é entregue pelas empresas aos centros de emprego, mas as ofertas registadas no mês de dezembro do ano passado, em Trás-os-Montes, ilustram o tipo de perspetivas abertas a quem quer trabalhar: no último mês do ano passado, as empresas pediram 242 empregados para um total de 21 515 desempregados. Se esse ritmo se replicasse e não houvesse novos desempregados, seriam precisos sete anos para dar trabalho a todas as pessoas que o procuram.
Em pior situação estão os habitantes de Carrazeda de Ansiães, Mesão Frio, Mogadouro, Murça e Peso da Régua: em dezembro, não foi lá entregue qualquer oferta de trabalho.
Quase todos no vermelho
O número de pessoas a precisar de trabalhar, por seu turno, aumenta em Trás-os-Montes, tal como no resto do país. Dos 26 concelhos dos distritos de Vila Real e Bragança, só três - Montalegre, Vimioso e Miranda do Douro - têm uma taxa de desemprego menor do que a média nacional. Todos os outros entram no vermelho, com destaque para Mesão Frio: são "só" meio milhar de desempregados, mas com uma população ativa inferior a duas mil pessoas, a taxa de desemprego dispara para 27%.
Não se trata aqui da taxa de desemprego oficial, que não é medida para os municípios, mas sim de cálculos feitos pelo JN, tendo por base a população ativa apurada pelo Instituto de Estatística no Censos de 2011 e o número de inscritos nos centros do Instituto de Emprego em dezembro do ano passado.
Entre os dois extremos estão muitos outros concelhos. Se o país tem uma taxa de desemprego (calculada da forma já descrita) de 14%, a Região Norte sobe para 17%. E em Trás-os-Montes onze municípios igualam ou superam o Norte. É o caso de Freixo de Espada à Cinta, Mondim de Basto, Ribeira de Pena, Mirandela e Peso da Régua, todos com desemprego acima dos 17%. A lista negra é fechada pelo caso extremo de Mesão Frio, com os seus 27% de desemprego.