por Eva Gaspar, in Negócios on-line
A taxa que mede o risco de pobreza caiu marginalmente de 18% em 2010 para 17,9% em 2011. Em contrapartida, a intensidade da pobreza e as desigualdades na repartição de rendimentos acentuaram-se, revela o INE.
Os resultados do inquérito às condições de vida e rendimento relativos a 2011, divulgados nesta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), apontam uma redução residual da taxa de pobreza, que passou de 18% em 2010 para 17,9% em 2011. O risco de pobreza caiu com maior expressão entre os reformados (-2,1 pontos percentuais para 15,8%) e entre a população empregada (-0,5 pontos para 9,8%), tendo ao invés subido 2,3 pontos para 38,3% entre os desempregados.
A descida deste indicador de pobreza relativa, que considera a percentagem da população com rendimentos monetários líquidos inferiores a 60% da mediana – que também ela baixou de 421 para 416 euros mensais – foi acompanhada por um agravamento da intensidade da pobreza, que subiu 1,5 pontos percentuais para 24,7% em 2011.
Assumindo que a mediana de rendimentos não se alterava desde 2009, a proporção de pessoas em risco de pobreza teria passado de 17,9% nesse ano para 19,6% em 2010 e 21,3% em 2011.
Considerando apenas os rendimentos do trabalho, de capital e transferências privadas, 45,4% da população residente em Portugal estaria em risco de pobreza em 2011, o que compara com 42,5% em 2010. Os rendimentos provenientes de pensões de reforma e sobrevivência contribuíram em 2011 para um decréscimo de 20,2 pontos percentuais, resultando uma taxa de risco de pobreza após pensões e antes de transferências sociais de 25,2% (era de 25,4% em 2010).
Os dados do INE apontam ainda para uma maior assimetria na distribuição dos rendimentos: o coeficiente de Gini voltou agravar-se de 34,2% em 2010 para 34,5% em 2011 (era de 33,7% em 2009), e a distância entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres passou de 5,7 em 2010 para 5,8 em 2011 (era de 5,6 em 2009).
O INE apresenta ainda alguns indicadores referentes a 2012, designadamente a taxa de privação material, que calcula a percentagem da população que não pode satisfazer pelo menos três de nove consumos (entre os quais uma refeição de carne ou peixe a cada dois dias, uma máquina de lavar roupa ou uma semana de férias fora de casa), chegando à conclusão de que esta aumentou de 20,9% em 2011 para 21,8% em 2012, abaixo dos 22,5% registados em 2010.