in Jornal de Notícias
O papa Francisco condenou, esta segunda-feira, o lóbi gay no Vaticano, mas disse que os homossexuais não devem ser julgados ou marginalizados, afirmando ainda que deseja aprofundar o papel das mulheres na Igreja mas rejeitando completamente a ordenação feminina.
"O problema não é ter essa orientação (homossexual). Devemos ser irmãos. O problema é fazer lóbi por essa orientação, ou lóbis de pessoas invejosas, lóbis políticos, lóbis maçons, tantos lóbis. Esse é o pior problema", disse.
O papa fez estas declarações aos jornalistas no avião que o levava do Rio de Janeiro - onde esteve durante uma semana e participou da 28ª Jornada Mundial da Juventude - a Roma.
"Vocês vêem muito escrito sobre o lóbi gay. Eu ainda não vi ninguém no Vaticano com um documento de identidade a dizer que é gay", declarou.
"Se uma pessoa é homossexual e procura Deus e a boa vontade divina, quem sou eu para julgá-la?", disse, referindo-se ao catecismo da Igreja Católica, que "diz que os homossexuais não devem ser marginalizados por causa de o serem, mas que devem ser integrados à sociedade".
Referindo-se ao papel das mulheres, Francisco afirmou que não é possível "imaginar uma Igreja sem mulheres ativas", mas mantendo que a instituição disse "não à ordenação de mulheres".
"Esta porta foi fechada" por João Paulo II, a respeito deste pedido (da ordenação), referiu o papa.
Francisco declarou que "a Igreja é feminina, mãe, e a mulher não é somente a maternidade, a mãe de família" e afirmou desejar "uma teologia aprofundada da mulher" que ainda não foi realizada.
Interrogado sobre a questão dos divórcios, o papa desejou que "a reflexão no quadro da pastoral do casamento" continue, indicando que há oito cardeais nomeados para este efeito.
"É sempre um tema. Hoje, chegou o tempo da misericórdia. Uma mudança de tempo", afirmou.
Os divórcios podem acontecer, o problema reside "nos segundos casamentos", referiu ainda o líder católico.
Sobre o casamento homossexual e o aborto, o papa disse que a posição da Igreja já é conhecida.
O pontífice também disse que o banco do Vaticano, envolvido numa série de escândalos, deve ser "honesto e transparente", e que vai ouvir as recomendações de uma comissão que criou para definir se o banco deve ser reformado ou mesmo fechado.