Subida homóloga da taxa de desemprego em Maio foi a terceira maior em 20 anos

Por João D' Espiney, in iOnline

Portugal registou uma redução de 0,2 pontos face a Abril. Sazonalidade? Os números dizem que desde 1993 só aconteceu cinco vezes

Portugal tinha 932 mil desempregados no final de Maio, o que corresponde a uma taxa de 17,6%, a terceira mais elevada entre todos os países da União Europeia.

De acordo com os dados ontem divulgados pelo Eurostat, o organismo de estatísticas da União Europeia, esta taxa representa um agravamento de 2,1 pontos percentuais (p.p.) em relação a Maio de 2012 e uma descida de 0,2 face a Abril.

O i analisou os números do desemprego do Eurostat nos últimos 20 anos e chegou à conclusão que, em termos homólogos, esta foi a terceira maior subida no mês em análise. Os maiores aumentos ocorreram em 2012 (2,9 p.p.) e 2010 (2,4 p.p.). Em 2009 a variação também foi de 2,1 pontos.

Convém referir ainda que desde 1993 só cinco vezes a taxa registou uma variação negativa em termos homólogos, e só em dois anos esta descida foi superior a 1 ponto percentual. Amais acentuada ocorreu em 1998 (1,3).

Em termos mensais, a redução de 0,2 pontos percentuais pode ser explicada por questões de sazonalidade. A análise do i aos números das últimas duas décadas permite concluir, no entanto, que em Maio só em cinco anos se registou uma variação mensal negativa: em 1997, 1998, 2000, 2007 e este ano (ver gráfico do lado direito).

Em três anos, a taxa manteve-se inalterada e nos restantes subiu sempre, ainda que ligeiramente. A excepção foi 2010, ano em que no mês de Maio a taxa subiu um ponto percentual face a Abril.

Os dados do organismo europeu indicam que a taxa de desemprego na zona euro se situou nos 12,1% em Maio, mais uma décima do que em Abril e mais oito do que no mês homólogo do ano passado. Ao todo, o Eurostat estima que o flagelo do desemprego afecte 19,2 milhões de europeus, mais 1,3 milhões do que em Maio de 2012. Na UE a 28 (já contando com a Croácia), o número sobe para 26,6 milhões. Um ano antes era de 25,3 milhões.

Mais 238 mil desempregados Os números ontem divulgados revelam ainda que há mais 238 mil desempregados do que quando o actual governo tomou posse, em Junho de 2011, e que a taxa subiu cinco pontos (era de 12,6% no final de Maio desse ano).
Na carta de demissão que apresentou ao primeiro-ministro, o ministro das Finanças Vítor Gaspar admite que “o nível de desemprego e de desemprego jovem são muito graves”. Com efeito, os dados do Eurostat indicam que a taxa de desemprego jovem (até aos 25 anos) foi de 42,1% em Maio, menos duas décimas do que a registada em Abril, mas mais 4,5 pontos do que a verificada em Maio de 2012. A comparação com o período em que o governo de Passos Coelho assumiu funções é ainda mais preocupante: mais 13 pontos percentuais que em Maio de 2011.
O Eurostat estima que o desemprego afectava 171 mil jovens em Maio, mais 8 mil do que em igual período do ano passado. Portugal tem a quarta taxa mais elevada da UE, atrás da Grécia (59,2%), de Espanha (56,5) e da Croácia (52,1%). A média dos 17 países que integram a moeda única é de 23,8%, menos uma décima do que em Abril e mais 8 do que em Maio de 2012. Ao todo, estavam 3,5 milhões de jovens no desemprego na zona euro. Na UE a 28, o número sobe para 5,5 milhões, tendo registado uma descida de 58 mil face ao número registado em igual período do ano passado.
Menos de metade recebe subsídio Cerca de 400 mil pessoas recebiam subsídio de desemprego em Maio, o que corresponde a menos de metade do número total de desempregados contabilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
De acordo com os últimos dados disponibilizados na página da Segurança Social, ontem noticiados pela Agência Lusa, existiam 400 077 beneficiários de subsídio de desemprego ou de subsídio social de desemprego, menos 20 494 pessoas do que em Abril, mas mais 24 837 do que em Maio de 2012. Segundo o INE, no fim do primeiro trimestre deste ano existiam 952,2 mil desempregados, o que fez elevar a taxa de desemprego para o valor histórico de 17,7%.