por Isabel Pacheco, em Braga, in RR
A Renascença foi até Amares visitar uma antiga escola primária que foi transformada em quatro habitações. “Estava ansiosa por isto”, confessa uma das novas habitantes. Mais de 24% da população portuguesa vive em situação de pobreza.
O regresso é “estranho, mas bom”, confessa Manuela, uma das beneficiárias do programa de habitação social de Amares. Neste Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, a Renascença revela exemplos de dar luta à carência económica.
Manuela tem 20 anos e regressa à escola para fazer da antiga primária a sua nova casa, com mais espaço e dignidade. “Antigamente vinha para a escola. Agora venho morar”, afirma.
Para trás fica uma casa “sem água quente e sem espaço”, conta. Filha de mãe reformada e pai desempregado, a jovem é um dos rostos das famílias socialmente frágeis contempladas com uma das quatro habitações sociais criadas na antiga escola primária de Santa Marta de Bouro, em Amares.
São as primeiras habitações sociais do concelho e Filomena Costa, outra habitante, não esconde a emoção ao abrir a porta da sua casa nova. A nova morada tem três quartos e representa uma nova oportunidade de vida para Filomena, o marido e os filhos.
“Estava ansiosa por isto”, confessa a doméstica, que se não fosse o programa de habitação social do município não teria oportunidade de ter casa nova. “É só o marido a ganhar. 560 Euros. É complicado”, afirma.
As primeiras de muitas
“São as primeiras [casas], mas esperamos que sejam as primeiras de muitas”, diz a vereadora Sara Leite à Renascença, lembrando que o programa “Habitação Digna” se deve à generosidade.
“O projecto nasce da boa vontade, também, da junta de freguesia que cedeu um edifício que lhe foi cedido”, explica.
A autarquia desembolsou 70 mil euros para transformar a antiga escola primária, encerrada há dois anos. As quatro novas habitações são dois T2 e dois T3.
As famílias que aí passam a habitar, pagam uma renda “consoante os seus rendimentos”, afirma a vereadora.
“A permanência das famílias nas habitações sociais depende sempre da manutenção da fragilidade. Se, eventualmente, alguma das famílias se autonomizar, deixa de ter condições para aqui continuar”, acrescenta Sara Leite.
A próxima escola a ser transformada é a primária de Sequeiros.
Em Portugal, mais de 24% da população portuguesa vive em situação de pobreza – uma percentagem semelhante às estatísticas que chegam do resto da Europa.