9.10.13

Um mínimo de dignidade

por madalenadias4@gmail.com, in Diário de Notícias

Sou uma das pessoas que se está a ver na obrigação de recorrer à ajuda do Banco Alimentar contra a Fome. E penso que não posso ficar calada perante aquilo que se tem verificado nos últimos tempos.

São situações que, na minha opinião, são inaceitáveis porque revelam um desprezo e uma ostracismo enormes por aqueles que estão a passar grandes dificuldades, no caso vertente, fome.

No mês de agosto, ao verificar que a carta que chega todos os meses da Junta de Freguesia a dizer qual a data em devo levantar os alimentos nunca mais chegava, telefonei para a J. F. a perguntar a que se devia o atraso.

Foi-me respondido que no mês de agosto não se fazia essa distribuição. Eu pergunto se as pessoas não precisam de comer no mês de agosto.

Todos os meses me são dados alimentos que estão fora de prazo. Isso acontece com pacotes de leite (!), bolachas, maionese, etc. Sem comentários.

Da última vez que fui à Junta de Freguesia - onde me costumam entregar um saco em frente ao balcão de atendimento - levantar os alimentos foi-me dito para ir buscar as coisas nas traseiras da casa, e que ia passar a ser assim.

Dei a volta à casa e fui à porta das traseiras, que foi entreaberta por um funcionário que me entregou o saco com os alimentos no meio da rua, à vista de quem quer que estivesse a passar, como se eu, pelo facto de esta a passar por esta situação, não merecesse um mínimo de dignidade e de reserva.

Penso que não é necessário, aqui, dizer mais nada. Mas estarei disponível para falar com quem mostrar interesse por esta situação.