1.11.13

À flor da pele. Dermatologistas criam projectos para chegar a todos

Por Ana Tomás, in iOnline

Pela primeira vez, La Roche-Posay lançou o desafio em Portugal. Os médicos responderam com oito projectos para levar os cuidados de saúde a populações isoladas

Levar consultas de dermatologia às populações que residem no Interior do país, examinar infecções no couro cabeludo em alunos carenciados do 1.o ciclo, em Lisboa, acompanhar semanalmente os residentes de origem africana para poderem ter, por exemplo, mais informação sobre as características da sua pele. Estes são alguns dos projectos que médicos de vários hospitais espalhados pelo país ambicionam concretizar. Por outro lado, pôr o coração e os conhecimentos no terreno junto de populações com menor acesso a cuidados médicos especializados é o desafio lançado pela fundação La Roche-Posay a dermatologistas portugueses. Esta é a primeira vez que Portugal acolhe o programa "Dermatologist from the Heart". A iniciativa tem como objectivo chegar aos que têm menos acesso aos cuidados básicos de prevenção, rastreio e tratamento de problemas dermatológicos.

São oito os projectos nacionais a concurso, um indicador que, para a presidente da fundação, em Portugal, Antonieta Barros, é revelador de que a etapa nacional do programa, lançado em França em 2011, "tem tudo para correr bem".

"Todos perceberam o espírito de missão que é tornar a dermatologia mais acessível a todos, nomeadamente às populações carenciadas, isoladas ou de risco", contou ao i. O grande objectivo da acção, segundo a responsável, passa por apoiar médicos a tornar as suas competências acessíveis a um público alargado, através de cuidados de saúde, sensibilização para aceitar a doença e tratamentos e ainda promover o bem-estar ou a integração social das populações afectadas por este tipo de patologias.

Sem revelar o valor do prémio, Antonieta Barros adianta que o vencedor receberá uma bolsa para pôr o plano em prática e o "apoio da marca na implementação deste e de outros projectos que visem melhorar a qualidade de vida dos doentes". A ideia é reproduzir o que já acontece nos países por onde a campanha da La Roche passou. "Só no ano passado, 2600 dermatologistas rastrearam mais de 60 mil pessoas em 21 países. E depois das atribuições das bolsas, os especialistas têm conseguido avançar com os seus projectos", revela Antonieta Barros.

Dentro e fora do país Os projectos nacionais concorrentes ao prémio Dermatologist from the Heart apostam sobretudo em rastreios, campanhas de educação para a saúde e técnicas de acompanhamento online, dirigindo-se a populações de zonas insulares ou do Interior, à comunidade africana residente nos grandes centros urbanos e também a países africanos de língua oficial portuguesa. Há ainda candidaturas mais abrangentes, centradas na prevenção dermatológica de bebés e no tratamento e na aceitação social de problemas dermatológicos como a psoríase.

O júri, que vai avaliar os trabalhos e escolher o melhor projecto, que será conhecido no final do dia de hoje, é composto por três especialistas de três hospitais públicos portugueses, do Porto, Coimbra e área metropolitana de Lisboa. Além deste prémio, a Fundação La Roche-Posay entrega anualmente quatro bolsas de investigação, cinco para publicações e bolsas a projectos de investigação promissores, apresentados por dermatologistas mais jovens. "Actualmente, mais de 100 equipas de investigação receberam fundos que lhes permitiram financiar novos trabalhos", conclui Antonieta Barros.

Projectos a concurso

PALOP e comunidade africana
Há três projectos a concurso que têm na população de origem africana residente em Portugal ou nos PALOP o seu público-alvo: o projecto “Dermatologia para a África que fala português”, do Hospital CUF Descobertas, realizado em parceria com organizações de S. Tomé e Moçambique; o projecto “Rastreio de tinha do couro cabeludo em escolas do 1.º ciclo”, de João Pedro Vasconcelos, Hortência Sequeira e Paulo Filipe, que é dirigido a crianças de famílias dos PALOP, residentes nas freguesias limítrofes do concelho de Lisboa; e o projecto “A dermatologia do fototipo VI”, da autoria de Carla Rodrigues, que parte do trabalho com a comunidade africana da Amadora e Queluz

Ilhas e interior
Reduzir o impacto da interioridade e da insularidade no acesso aos cuidados médicos especializados de dermatologia é o objectivo, respectivamente, dos projectos “Dermatologia para Todos”, de Ana Brasileiro, Ana Fidalgo e Maria de Lurdes Lobo, e “Dermatologia na Ilha do Corvo”, de João Carlos Teles de Sousa e Maria Goreti Catorze. Se o primeiro caso propõe a teledermatologia para facilitar diagnósticos e tratamentos, no segundo, o projecto aposta na educação para a saúde, na prevenção
e na articulação com médico de família.

Psoríase
“Fim-de-semana da psoríase”, de Nuno Menezes, e “Educar o doente com psoríase”, de Manuela Selores, Tiago Torres, Glória Velho, Isabel Amorim e Mónica Caetano, são dois projectos distintos, mas ambos propostos por especialistas do Norte do país. Um visa quebrar mitos, o outro procura ensinar a população a conhecer os sintomas da doença e os seus efeitos.

Sensibilização nas maternidades
O projecto de António Fernandes Massa pretende sensibilizar as famílias para a fotoprotecção nos primeiros anos de vida das crianças e o seu impacto na vida adulta.