4.4.14

BCE. O desemprego na Europa é o maior medo de Mario Draghi

Por Isabel Tavares, in iOnline

O Conselho de Governadores do Banco Central Europeu tem um plano de ataque à deflação que será activado se necessário. Mas não já

Uma decisão, não mexer nas taxas de juro directoras, e vários recados, a Lagarde e aos mercados: o Banco Central Europeu está atento e saberá tomar as medidas necessárias para apoiar, através da política monetária, a economia da zona euro.

"O meu maior medo" é a "estagnação prolongada [da economia] em relação àquele que é o nosso cenário base", com "consequências graves ao nível do desemprego, que, apesar de dar sinais positivos aqui e ali, continua muito elevado", disse ontem o presidente do BCE, Mario Draghi, depois da reunião do Conselho de Governadores. Draghi garantiu que a prioridade do BCE será sempre esta, apoiar a actividade económica. "Estamos determinados a manter um elevado grau de política acomodatícia e a agir rapidamente se necessário."

O Conselho de Governadores do BCE discutiu todas as medidas possíveis, incluindo o célebre QE (Quantitative Easing - compra de títulos em mercado), que permite baixar os juros e aumentar a liquidez. "Ainda não esgotámos as medidas convencionais, mas todos os instrumentos que temos no mandato, incluindo 'quantitative easing', serão equacionados", disse Draghi.

O presidente do BCE afirmou que o Conselho de Governadores está a seguir de perto os desenvolvimentos nos mercados financeiros "e é unânime na sua decisão de utilizar também instrumentos não convencionais para lidar eficazmente com os riscos de um período demasiado prolongado de baixa inflação".

A economia da zona euro cresceu 0,2% no último trimestre de 2013 em relação ao trimestre anterior, depois de um crescimento de 0,1% e de 0,3% nos trimestres anteriores, dados associados a um crescimento anémico da actividade económica.

O plano de ataque à deflação, que tem preocupado diversos economistas, já está a ser preparado mas apenas será posto em prática se esta se tornar um perigo real na Europa, uma situação que Draghi e o Conselho de Governadores acredita que não chegaremos. O presidente do BCE aproveitou para dizer que fica sensibilizado com as preocupações da directora geral do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, que tem alertado para os riscos de uma inflação demasiado baixa na Europa, que atrase a recuperação económica, mas acrescentou que a Europa sabe tomar conta de si.

As medidas de QE, consideradas quando as taxas de juro estão próximas de zero e que não incluem impressão de moeda, têm um impacto "bastante directo nos Estados Unidos" porque a economia norte-americana está ligada ao mercado de capitais, mas na Europa a economia está mais dependente da banca, pelo que os efeitos são diferentes.

O BCE decidiu manter inalteradas nos 0,25% as taxas de juro directoras. Além da taxa aplicável às principais operações de refinanciamento, o Conselho de Governadores decidiu manter em 0,75% a taxa da facilidade permanente de cedência de liquidez, através da qual empresta dinheiro aos bancos a um dia.

A taxa de depósitos, que permite aos bancos fazer depósitos de muito curto prazo na instituição, manteve-se nos 0%, mas chegou--se a ponderar um taxa negativa.