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Dezenas de pessoas aguardam diariamente, durante horas, a abertura do Centro de Emprego de Portimão, onde estão inscritos os desempregados de quatro concelhos, naquela que é a maior estrutura na região com mais desemprego, 17,5% da população activa.
No início de cada mês, a procura por uma oportunidade de trabalho chega a juntar mais de cem pessoas, que pernoitam na rua até à abertura das portas daquele centro que regista o maior número de desempregados da região, o único que serve os concelhos de Portimão, Silves, Monchique e Lagoa.
«É uma vergonha que tenhamos de esperar durante horas para termos acesso a uma senha para sermos atendidos, sem garantia de emprego», lamentaram à reportagem da agência Lusa várias pessoas concentradas no local.
Vítor Pinto, de 52 anos, empresário da construção civil, chegou à porta do IEFP, pelas 6h30, o que lhe valeu o primeiro lugar da fila e «a esperança em encontrar um emprego».
«Tive sorte. Em dias anteriores e à mesma hora, costumam estar por aqui dezenas de pessoas», observou.
Ao fim de 30 anos como empresário, a crise «obrigou-o» a encerrar a pequena empresa do sector da construção civil, colocando no desemprego cinco pessoas.
«Vim escrever-me para ver se consigo trabalho, pois ao fim de vários anos como empresário e a descontar para o Estado, dizem-me que não tenho direito ao fundo de desemprego», lamentou.
Na quarta-feira, o movimento era inferior ao verificado em dias anteriores e, por isso, Carla Silva não necessitou de esperar muito tempo para conseguir uma senha de atendimento.
Chegou por volta das 8h45, e apesar de ser a última pessoa da fila, recebeu a senha poucos minutos depois das 9h00.
Desempregada há um mês, desloca-se várias vezes por semana ao centro de emprego na expectativa de encontrar trabalho.
«Hoje é um dia anormal. Geralmente estão aqui várias pessoas que chegam a formar uma fila de dezenas de metros. Até àquela rua», apontando para uma zona a cerca de 50 metros de distância da porta do IEFP.
«Pode ser que seja o meu dia de sorte para conseguir um trabalho», observou Carla Silva, lamentando que «os 40 anos de idade sejam, por vezes, motivo de recusa de emprego».
«Quando vou a entrevistas de trabalho e digo a idade, sou recusada», disse à reportagem da Lusa.
Numa região direccionada fundamentalmente para o turismo, com maior percentagem de desempregados do País, 17,5% da população activa, o centro de emprego de Portimão é o que tem o maior número de desempregados do Algarve.
Segundo os dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), em Janeiro, estavam inscritas no centro de emprego de Portimão 9542 pessoas, das quais 2212 desempregadas há mais de um ano.
Lusa/SOL