Por Sandra Almeida Simões, in iOnline
Estudo da Ernst & Young diz que o fosso entre economias prósperas e os países em crise da zona euro vai agravar-se nos próximos três anos
A Europa vai crescer a duas velocidades e Portugal está no grupo de países que vai avançar com a marcha mais lenta. De tal forma que o retrato de 2015 vai mostrar um agravamento no fosso entre países ricos e pobres.
De acordo com o estudo da consultora Ernst & Young, o crescimento da Espanha, Grécia, Irlanda, Itália e Portugal, até 2015, não irá além de 0,5% – um ritmo lento e incomparável com o progresso de 9% que os restantes 12 países da zona euro deverão registar.
O ritmo de crescimento lento, a par com a quebra no investimento público, taxa de desemprego elevada e recuo no consumo público e privado são alguns dos indicadores que definem um país “pobre”.
“O fosso entre países relativamente prósperos do norte da Europa e os países em crise do sul do continente prosseguirá, nos próximos anos”, afirmam os especialistas da consultora.
Este estudo vem, assim, reiterar que Portugal continua a ser um dos países mais desiguais do mundo desenvolvido, sendo aquele que a desigualdade é das mais acentuadas entre as economias europeias. Não será por isso de estranhar que, ao ficar classificado com um país pobre, o fosso na distribuição dos rendimentos também aumente. Tal como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) revelou, no estudo “Divided We Stand: Why Inequality Keeps Rising” divulgado em Dezembro do ano passado, o fosso entre ricos e pobres em Portugal atingiu o nível mais elevado dos últimos 30 anos. Os 20% mais ricos têm rendimentos seis vezes superiores aos dos 20% mais pobres.
O estudo da Ernst & Young considera a saúde da Grécia como a mais preocupante, com o desemprego a ultrapassar os 23%. A economia helénica só em 2020 atingirá o nível que tinha em 2010.
Do outro lado do barómetro está a Alemanha que deverá, em 2013, crescer 2%. e aproximar-se do pleno emprego com a taxa a situar-se em 4,9% em 2015.
Portugal vai precisar de ajuda adicional Segundo a edição da Primavera do Outlook para Portugal, da mesma consultora, as perspectivas económicas portuguesas agravaram-se, com os investidores cada vez mais preocupados com a sustentabilidade das finanças públicas, o que se reflecte nos elevados juros dos títulos de dívida pública nacional. “A fim de conseguir regressar aos mercados em meados de 2013, quando o montante do programa de ajustamento terminar, o juro dos títulos precisa recuar entre 800 e 900 pontos base”. No entender dos especialistas da Ernst & Young, esta descida parece “altamente improvável”, devido “ao lento avanço na consolidação das finanças públicas e fraca melhoria na competitividade”.
Perante este cenário, arrisca a consultora, “Portugal irá quase certamente necessitar de assistência financeira adicional da União Europeia e do FMI”.
A previsão da Ernst & Young aponta para uma contracção de 4% da economia nacional este ano e 2,1% em 2013. Esta estimativa baseia-se no pressuposto de que as autoridades da zona euro são capazes de impedir que a crise helénica contagie outros países periféricos.