20.3.12

"Governo tem de estar muito desesperado para incentivar jovens a emigrar"

in Jornal de Notícias

A secretária-geral da Confederação Europeia de Sindicatos, Bernadette Ségol, considera que um governo "tem de estar muito desesperado" para encorajar os jovens a emigrar, pois tal constitui "uma grande perda" para o país.

Em entrevista à Agência Lusa, em Bruxelas, a responsável sindical, comentando declarações políticas de elementos do governo sugerindo a emigração, disse que, do seu ponto de vista, "é claro que se os jovens deixam os seus países, a sua força, as suas ideias e a sua capacidade para construir o futuro perdem-se".

"Muito francamente, para um governo encorajar as pessoas a deixar o país, o governo tem de estar muito desesperado", comentou Ségol.

Apontando que, além de representar "uma grande perda economicamente, socialmente e psicologicamente", a secretária-geral da Confederação Europeia de Sindicatos (CES) sublinhou que a saída de uma geração levanta também outras questões, designadamente "quem paga as pensões de quem fica".

A responsável sindical diz todavia não censurar os jovens que emigram em busca de um futuro melhor: "por outro lado, temos de compreender. O que faria eu se tivesse 25 anos, (vivesse) na Grécia, e quisesse ter uma boa vida? Certamente tentaria várias soluções. Não os censuro".

Bernadette Ségol garantiu ainda que, para a Confederação Europeia de Sindicatos, o desemprego dos jovens é a prioridade de topo, e defendeu que "também deveria ser a prioridade dos políticos".

"Claro que estamos preocupados com o emprego em geral, não é aceitável, mas quando se tem desemprego juvenil acima dos 20 por cento, às vezes dos 40, 45 por cento, então está a destruir-se o tecido social", sustentou.

Para a responsável, a resposta passa por investir nas políticas ativas para o mercado de trabalho, o que, defendeu, só é possível com "dinheiro público", pelo que os governos, ao procederem a cortes na despesa pública, estão a travar a possibilidade de crescimento sustentável, fazendo dos jovens "as primeiras vítimas da recessão".