20.3.12

Quase metade dos alunos do Superior em dificuldades económicas

in Jornal de Notícias

Quase metade dos alunos do Ensino Superior atravessa dificuldades económicas, muitos temem abandonar o curso ainda neste ano letivo e 58% não se sente preparado para entrar no mercado de trabalho, revela um estudo divulgado esta segunda-feira.

Estes são os dados nacionais dos inquéritos feitos aos universitários e tratados pela Associação Académica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (AAUTAD), para saber qual a situação económica e as dificuldades dos estudantes do Ensino Superior.

O estudo foi divulgado esta segunda-feira num encontro com jornalistas, após o Encontro Nacional de Direções Associativas (ENDA), que decorreu em Évora durante o fim de semana e que reuniu dirigentes das associações académicas e de estudantes das universidades e institutos politécnicos nacionais.

De acordo com os promotores do estudo, aos inquéritos, que foram feitos já este ano nas universidades e politécnicos de Portugal Continental e Açores, responderam quatro mil alunos num universo de cerca de 130 mil estudantes.

Dos quatro mil inquiridos, 1.855 (48%) afirmou passar dificuldades económicas, destes, 1.224 (65%) disseram temer abandonar o Ensino Superior por esse motivo e 1.275 (69%) revelaram que não recebem bolsa de ação social.

Nos inquéritos foi perguntado aos alunos se se sentem preparados para entrar no mercado de trabalho, tendo 2.214 (58%) respondido que não e 1.620 (42%) que sim.

Os estudantes foram também questionados sobre se a sua formação se ajusta às oportunidades de emprego em Portugal, com mais de metade (62%) a considerar que não e 38% que sim.

Quanto às intenções de emigrar depois de terminar o curso, 2.110 (55%) responderam que sim e 1.743 (45%) disseram que não.

O presidente da AAUTAD, Sérgio Martinho, disse que o associativismo nacional está "muito preocupado" com os dados revelados pelo estudo, cujo resultado vai ser enviado para a tutela e para outros órgãos do setor para "terem a noção da realidade do Ensino Superior".

"Quase metade dos alunos que respondeu a estes inquéritos demonstra dificuldades económicas e isto preocupa-nos muito", porque "daí advêm muitos outros problemas, nomeadamente a continuação da frequência no Ensino Superior", afirmou o responsável.

O dirigente estudantil defendeu que "tem de haver um maior apoio" para os alunos com dificuldades económicas e "mais informação" sobre as ajudas para que esses estudantes possam continuar a estudar.