6.3.12

Jovens querem "abanar consciências" e combater o desemprego

in RTP

Um grupo de jovens decidiu pôr mãos à obra no combate ao desemprego e, com um ciclo de conferências pelo país, pretende "abanar consciências" para mostrar que "é possível ser empreendedor" e "posicionar os desempregados para outra atitude".

O desafio foi lançado, em fevereiro, na rede social Facebook, na sequência de um debate televisivo sobre o desemprego em Portugal e foi de imediato aceite por jovens.

Com a denominação Movimento mf24, o projeto passa por realizar conferências de 24 horas em Coimbra, Porto, Tomar, Lisboa e Faro, destinadas a desempregados, estudantes e empreendedores.

Simão Soares, de 25 anos, agarrou o desafio e, em declarações à Lusa, disse não ter dúvida nenhuma de que estas conferências "vão gerar emprego, de forma direta e indireta".

A criação de postos de trabalho como consequência de contactos mantidos nas conferências, bem como a criação de sinergias entre empreendedores e a inspiração para iniciativas que contribuam para o desenvolvimento económico do negócio local através do empreendedorismo são os objetivos definidos pelo movimento.

A 1.ª cidade a acolher a iniciativa é Coimbra, no dia 30: o auditório do Instituto Superior de Engenharia (ISEC) é palco de 24 horas de discussão, troca de experiências entre empreendedores, empresários e jovens dispostos a "fazer mais" por eles.

"Queremos mudar mentalidades", disse Elsa Rodrigues, coordenadora do mf24 em Coimbra, que defende que esta conferência vai permitir "posicionar os desempregados para outra atitude".

Com 24 anos, Elsa entende que "os desempregados não estão a viver com o problema [de não arranjar emprego] da forma mais eficaz", adiantando que, tendo "excelentes ideias de negócio, muitos não sabem como as pôr em prática".

Simão e Elsa entendem que estas conferências visam "abanar consciências", dando ferramentas a todos os que delas precisam.

Para Elsa, é preciso "acabar com a cultura do coitadinho" e motivar os desempregados a "adaptarem-se ao mercado, não ficando sentados à espera que o trabalho lhes bata à porta".

Simão subscreve a ideia e acrescenta: "Os jovens estão cientes do seu valor, mas não têm consciência das necessidades do mercado, estando totalmente inadaptados".

"Vamos partilhar pontos de vista nestas conferências, mas que não serão bíblia para ninguém. Pretendemos fomentar um raciocínio, com uma abordagem que se verifique mais eficaz no mercado de trabalho", sustentou Simão.

O jovem empreendedor considera que um candidato tem que se colocar no lugar de quem contrata, percebendo quais são as verdadeiras necessidades da entidade, para assim oferecer as suas mais valias.

"Só assim é que vou saber gerar uma proposta de valor para que a empresa tenha interesse em apostar em mim", frisou.

Elsa considera que "enviar currículos e responder a emails não é solução, pois tem que haver uma diferenciação, uma inovação".

"O objetivo [nestas conferências] é levar as pessoas a descobrir onde podem criar valor", concluiu.

Para Simão, o mf24 vai demonstrar que "vale a pena lutar e, em última instância, isto vai resultar num país bastante melhor".

Para cada uma das conferências serão convidados empresários, empreendedores e outras pessoas "que percebem do assunto", sendo que o "movimento não está fechado" e poderá estender-se a mais cidades.