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Segundo um estudo de peritos europeus, o programa Novas Oportunidades, atualmente em risco de ser extinto, é exemplo de boas práticas para adultos
Os países da União Europeia (UE) têm de combater a «crise da literacia», por melhores competências de leitura e escrita, logo desde a primeira infância até à idade adulta, indica um estudo de peritos europeus divulgado nesta quinta-feira.
Nas vésperas de se assinalar o Dia Internacional da Literacia, a Comissão Europeia revelou em Nicósia (Chipre) as conclusões de um relatório com propostas concretas para os Estados-membros melhorarem os níveis de literacia.
O relatório fala em «crise de literacia», porque um em cada cinco jovens europeus de 15 anos e quase 75 milhões de adultos ainda não têm conhecimentos de base para ler e escrever.
No documento do grupo de peritos, do qual fez parte o antigo ministro da Educação Roberto Carneiro, são feitas várias recomendações gerais para que, em 2020, 85 por cento dos jovens europeus com 15 anos tenham melhores níveis de literacia.
Os peritos citam vários exemplos europeus de boas práticas de promoção de literacia e entre eles estão o programa Novas Oportunidades, atualmente em risco de ser extinto, o Plano Nacional de Leitura, o projeto de promoção da leitura Cata-Livros e a organização não governamental Empresários pela Inclusão Social.
Sobre o programa Novas Oportunidades, o grupo de peritos recorda que permitiu que mais de 1,6 milhões de portugueses melhorassem as suas qualificações, alargando as hipóteses de progressão profissional e pessoal.
O relatório elenca medidas muito específicas para diferentes faixas etárias, desde a primeira infância, passando pela adolescência e incluindo a idade adulta, onde a iliteracia ainda é um «tabu».
Tendo por base vários indicadores científicos e estatísticos, como o Programa de Avaliação Internacional dos Estudantes (PISA) de 2009, os peritos reconhecem que há um desequilíbrio no que toca a competências de leitura entre sexos, com os rapazes a registarem níveis mais fracos (26,6 por cento) e a lerem menos do que as raparigas (13,3 por cento).
Por isso recomendam, a título de exemplo, que os adolescentes tenham acesso a materiais de leitura mais diversificados, como banda desenhada e livros eletrónicos, e que sejam criadas bibliotecas em ambientes não convencionais, como os centros comerciais.
Ainda assim reconhecem que Portugal, Letónia, Luxemburgo e Polónia foram os países onde houve progressos nos níveis de literacia durante a última década entre os jovens com 15 anos.
A Comissão Europeia quer que se invista em professores especialistas em leitura, que haja mais programas de promoção da leitura e da escrita que envolvam pais e filhos, porque a influência parental não se fica apenas nos primeiros anos de vida.
Há ainda a questão da pobreza - pelo menos 27 milhões de crianças estão no limiar da pobreza no espaço da UE -, do envelhecimento da população, da necessidade de renovação de competências adequadas à idade, e da vertente económica, porque o mercado de trabalho está a exigir qualificações de alto nível.
Baixos níveis de literacia significam maior dificuldade em conseguir um emprego, aumento do risco de pobreza e exclusão social, alertam os peritos.
A comissária europeia de Educação e Cultura, Androulla Vassiliou irá apresentar e debater os resultados deste relatório a 4 e 5 de outubro no Chipre numa reunião informal com os ministros da Educação da UE.
No sábado, 8 de setembro é celebrado Dia Internacional da Literacia, criado pela UNESCO.