3.12.12

Crise agravou o fiado e até lhe mudou o nome

Margarida Fonseca, in Jornal de Notícias

Comerciantes continuam a confiar em clientes e alguns mantêm livro com dívidas. Preferem, todavia, falar em crédito ou facilidades


No comércio quase todos fiam, mas poucos admitem. Com a crise, pagar aos poucos voltou a ter lugar. Ganhou, porém, outros nomes. Crédito e facilidades são expressões de hoje, irmãs de calotes de ontem.

Raros são os que têm avisos nas paredes sobre não fiar. Comprar e pagar depois é, hoje, uma conversa privada só possível com confiança, havendo, por isso, quem não assuma que tem clientes com direito a fiado. Aliás, a palavra "está fora de moda" e foi substituída por outras, mais condizentes com os tempos. "No fundo, é a mesma coisa. Mas, talvez devido a uma cultura que vem do passado, hoje já poucos, senão quem tem 70 ou 80 anos, a falar em fiado", diz António Gaspar, professor universitário e presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Gestão e Recuperação de Créditos, que não trata dívidas de fiado, embora resolva problemas da área financeira. "É uma questão entre cidadãos", justifica.

* COM SANDRA BRAZINHA E TEIXEIRA CORREIA