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A crise económica e o desemprego em Portugal estão a levar muitos imigrantes, sobretudo brasileiros e angolanos, a regressar aos seus países de origem, avançou à Lusa um responsável da Organização Internacional das Migrações (OIM).
Desde 2008 e até outubro deste ano, o número de imigrantes que pediram apoio à OIM para regressar aos seus países de origem aumentou mais de 80%, sendo que o grande aumento se verificou de 2009 para 2010.
Os dados são apenas parciais, já que são contabilizados apenas os imigrantes que pedem apoio da Organização Internacional para as Migrações, ao abrigo do Programa de Apoio ao Retorno Voluntário e à Reintegração (PRV), avisa o responsável pelo programa Luís Carrasquinho, referindo que estes valores “representam uma percentagem pequena da população imigrante em Portugal”.
No entanto, a informação permite verificar que, a partir de 2010, houve “um aumento acentuado” de imigrantes a querer regressar ao seu país de origem.
Em 2008 e 2009, os números de beneficiários deste apoio foram, respetivamente, de 347 e 381 pessoas.
Em 2010, o número saltou para as 562 pessoas, continuando a crescer em 2011, para 594.
Até outubro deste ano, a OIM já apoiou o regresso de 626 imigrantes.
As justificações são quase sepre as mesmas: desemprego, dificuldades de acesso ao mercado de trabalho e precariedade no vínculo laboral, além das dificuldades em regularizar a situação em Portugal.
“Podemos dizer que, de uma forma transversal, ambas estão relacionadas com a situação de crise económica que o país atravessa”, admite Luís Carrasquinho.
Angola e Brasil são os países para onde há mais pedidos de regresso, também se tratarem de “economias emergentes”, explicou.
“Mais de 90% dos pedidos que recebemos correspondem a nacionais de economias emergentes como Brasil e Angola, o que de certa forma está também na base da decisão de querer regressar ao país de origem”.
A comunidade angolana, adiantou, “é uma das mais representativas no contexto do PRV”, logo a seguir à brasileira. Ainda assim, a evolução nos últimos anos demonstrou que a vontade dos angolanos de regressar a casa diminuiu.
“Em 2008, das 347 pessoas apoiadas, apenas 7% (25 beneficiários) eram angolanos. Em 2009 e 2010, registou-se um ligeiro aumento percentual no que concerne à comunidade angolana (32 beneficiários em 381 candidatos apoiados em 2009, ou seja, 8%, e 53 beneficiários em 562 candidatos apoiados em 2010, ou seja, 9%)”, disse.
No entanto, em 2011, o valor percentual dos candidatos angolanos caiu para metade.
“Em 594 candidatos, apenas 26 eram nacionais angolanos, o que corresponde a um valor de 4%”, enquanto até outubro desde ano, “apenas 16 cidadãos angolanos beneficiaram do PRV de um total de 626, ou seja, 2% do total), referiu.
De acordo com os dados da OIM, os imigrantes que têm apoio no regresso a casa trabalhavam sobretudo no setor dos serviços, nomeadamente nas limpezas domésticas e na restauração) e da construção civil.
*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico aplicado pela agência Lusa