por Texto da Lusa, publicado por Lina Santos, in Diário de Notícias
O presidente da CAIS, associação de apoio às pessoas sem-abrigo, alertou que se houver mais cortes nos apoios sociais, muitos dos atuais desempregados poderão acabar a viver na rua.
Em declarações à agência Lusa, Henrique Pinto explicou que o momento atual na Europa é de cada vez maior aversão aos imigrantes, apesar da crise económico-financeira, que afeta países como Portugal, obrigar cada vez mais pessoas a tentarem encontrar emprego fora do seu país de origem.
Na opinião do responsável, a economia será diferente se os países trabalharem num Estado Social, defendendo que haverá uma economia capaz de distribuir riqueza, se existir um Estado Social forte.
"A economia que queremos deverá resultar de boas relações sociais, de relações onde o que conta são as pessoas e mínimos de bem-estar e não contrário porque o que vou ouvindo é que teremos um Estado Social razoável se tivermos uma boa economia. Eu penso o contrário", sustentou.
Por outro lado, criticou quem quer cortar ainda mais no Estado Social, alertando que 23% da população nacional já vive abaixo do limiar da pobreza e que se os cortes previstos incidirem nos apoios sociais, Portugal poderá ter de enfrentar a realidade de ter quase metade da sua população a viver na pobreza.
"Com mais cortes nos apoios, nos subsídios, nos apoios às instituições, nós vamos ter este número aflitivo de pessoas no desemprego, para cima de um milhão, não emigrando, vão certamente acabar na rua", alertou.
Disse esperar que o rumo de Portugal fosse diferente e apesar de admitir não saber onde é que o Governo poderia cortar, disse ter uma certeza: "o que eu sei é que as famílias já não aguentam com os cortes que têm nos salários [porque] o que recebem já não é suficiente para fazer frente às despesas de cada dia".
"Com outros cortes, nomeadamente ao nível de pessoas idosas, dependentes, desempregadas ou que vivem com o Rendimento Social de Inserção, se aí também forem aplicados cortes, então vamos ter uma situação de tragédia extrema e com eventuais consequências sociais que não passarão por cantar o Grândola ou manifestações ordeiras", avisou.
Entende, por isso, que o país precisa de um Governo "muito mais convergente" e "muito mais inclusivo", que saiba fazer bom uso de todas as forças no terreno e de todos os caminhos apontados até agora.