in Jornal de Notícias
Apresentando-se como "um rapaz simples", que "acredita em sonhos e super-heróis", Miguel Gonçalves foi abordado pelo ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, para ser, "sem remuneração", a nova cara do programa de estágios lançado em agosto pelo Governo.
O objetivo, segundo explicou Miguel Relvas, é conseguir dar "uma lufada de ar fresco" ao Impulso jovem, que no último mês depois de alterações que alargaram nomeadamente a duração do programa (até aos 12 meses) e o âmbito geográfico, conseguiu crescer 60%.
Até 26 de março, o programa tinha recebido 10190 candidaturas, num valor que compara com as 3387 candidaturas conseguidas até janeiro, das quais 1905 relativas a estágios na administração pública.
"Estou convencido que atingiremos números animadores até ao fim de 2013", disse Miguel Relvas em conferência de imprensa, optando por não se comprometer com metas.
Segundo o ministro, a escolha de um embaixador com o perfil de Miguel Gonçalves, que confessou ter conhecido através do YouTube, prendeu-se com o facto de o Executivo estar convencido que é necessário continuar a divulgar o programa de combate ao desemprego.
"O discurso de Miguel Gonçalves vai ser mobilizador. Cada jovem com sucesso serve de exemplo para multiplicar. Escolhi a pessoa certa na hora certa para este programa", realçou o ministro na sessão, que contou também com a presença do ministro da Economia e do Emprego, Álvaro Santos Pereira.
Confessando "não perceber nada de política" e nunca ter feito um curriculum vitae, Miguel Gonçalves diz que "sabe bem o que fazer para agarrar a maçã com força e dar a volta por cima" e prometeu "arregaçar as mangas" para chegar aos jovens de todo o país que precisam de uma oportunidade para entrar num mercado de trabalho cada vez mais difícil.
"Fazer chegar a todos estes jovens que estudar é bom e que os desempregados não estão todos licenciados", disse.
O argumento da falta de dinheiro para pagar propinas também não convence o fundador da Spark Agency, uma agência de criatividade especializada na criação de soluções de comunicação interna em grandes empresas.
"Eu paguei as minhas propinas a trabalhar. Estudar em Portugal não é como em Stanford, que custa 45 mil euros por ano. A um jovem estudar custa 1200 ou 1300 euros por ano, são 100 euros por mês. Amigo, se tu com 20 anos não consegues fazer 100 euros por mês para pagar o que estudas vais ter muitos problemas na vida, muito maiores do que esse", disse.
"Ninguém deve deixar de trabalhar porque não tem dinheiro. É um mito. Até a vender pipocas no centro comercial se arranja dinheiro para pagar 100 euros por mês", concluiu.
A taxa de desemprego, em fevereiro de 2013, estabilizou nos 12% na zona euro e nos 17,5% em Portugal, que continua a apresentar a terceira taxa mais alta, segundo dados divulgados pelo Eurostat.
Já no conjunto dos 27 países da União Europeia (UE), o gabinete oficial de estatísticas da UE regista uma ligeira subida de 0,1 pontos para os 10,9% em fevereiro, por comparação a janeiro.
Em relação a Portugal, é a primeira vez que a taxa de desemprego não aumenta pelo menos desde agosto de 2012.