in Jornal de Notícias
Os portugueses pagaram menos pela fatura de eletricidade no ano passado pelo facto de uma boa parte das famílias ter deixado a tarifa regulada e ter aderido ao mercado livre, refere um relatório da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos.
Segundo o relatório do mercado retalhista de eletricidade de 2012, os preços praticados em mercado livre "estão cerca de 10% abaixo das tarifas reguladas em vigor", sendo que "os comercializadores no mercado liberalizado começaram a apresentar ofertas de tarifa bi-horária no quarto trimestre de 2012".
Pedro Verdelho, responsável pela direção de tarifas e preços da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), afirmou à Lusa que os consumidores de baixa tensão normal (BTN), neste caso, um casal com dois filhos com um consumo anual de 5000 kWh e com uma potência contratada de 6,9 kVA e que continuaram na EDP Serviço Universal pagaram durante o ano de 2012 cerca de 1005 euros, enquanto que os que mudaram para o mercado livre tiveram uma fatura anual entre os 905,23 euros e os 985,54 euros.
O responsável refere ainda que durante o ano passado, a quota do mercado regulado - aqueles que pagaram 1005 euros por ano - baixou de 90% para 80%. Ou seja, em 2012 houve uma transferência de 10 pontos percentuais das famílias que passaram a pagar menos na fatura de eletricidade.
Na comparação de ofertas tarifárias, a ERSE indica que um casal sem filhos, com um consumo anual de 1900 kWh e com potência contratada de 3,45kVA, também obteve uma baixa de preços: quem continuou nas tarifas reguladas pagou 404,21 euros, quem saiu para o mercado liberalizado pagou entre 363,91 euros e 396,08 euros por ano.
Já um casal com quatro filhos, com um consumo anual de 10900 kWh e uma potência contratada de 13,8 kVA, a situação mantém-se: quem continuou com a tarifa regulada pagou 2193,45 euros, quem foi para o mercado liberalizado pagou entre 1979,14 euros e 2185,23 euros.
Pedro Verdelho adianta, perante estes dados, que "a liberalização de mercado contribuiu para uma redução da tarifa média paga pelos consumidores domésticos".
O relatório indica também que no segmento doméstico existiam no final de 2012 "seis comercializadores (EDP Comercial, EDP Serviço Universal, Endesa, Galp, Gas Natural Fenosa e Iberdrola)", sendo que "o aumento de ofertas comerciais analisado conduziu a uma crescente transferência de consumidores para o mercado liberalizado".
O responsável da ERSE disse que "os consumidores têm vindo a fazer a transição para o mercado de forma gradual, verificando-se que, até ao final de janeiro deste ano, cerca de 1,5 milhões de consumidores são já fornecidos por comercializadores de mercado".