Movimento português de recolha de alimentos serve de exemplo à ONU

Rita da Nova, in Público on-line

O Movimento Zero Desperdício funciona desde Abril do ano passado e está agora na mira da Organização das Nações Unidas para futura replicação noutros países.

Durante o primeiro ano de actividade, o movimento Zero Desperdício recolheu mais de 300 mil refeições e encaminhou-as para famílias carenciadas em Portugal.

Em funcionamento desde Abril de 2012, a iniciativa já mereceu a atenção da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). A associação já está a fazer contactos com a FAO, com vista a uma eventual replicação deste modelo noutros países do mundo.

“Agradou-lhes sobretudo o modo como funciona a recolha e a distribuição de alimentos, feitos localmente através de instituições que já têm os seus próprios meios, como veículos e voluntários”, explica António Costa Pereira, presidente da associação DariAcordar, de onde partiu a iniciativa.

Helder Muteia, do gabinete português da FAO, afirma que “a iniciativa foi extremamente bem acolhida porque vai no sentido de uma das linhas de actividade prioritárias para a FAO, que é a de reduzir o desperdício alimentar”, ressalva.

Ainda não se sabe, contudo, quantas pessoas em concreto já usufruíram desta ajuda em Portugal. “A filosofia de distribuição é diferente de instituição para instituição: há quem dê os alimentos a famílias e há quem dê individualmente. O importante é a atitude de acabar com o desperdício”, diz António Costa Pereira.

Até Dezembro de 2012 terão sido ajudadas 3 mil pessoas, conforme indicam as contagens mais recentes da associação.

O objectivo da campanha é o de recolher sobras de comida em várias instituições – como restaurantes, hotéis, supermercados ou empresas – que estejam em boas condições mas que não tenham sido servidas, por exemplo aquelas refeições cujo prazo de validade esteja a chegar ao fim. Funciona em Lisboa, Loures, Cascais e Sintra mas deverá expandir-se.

O movimento Zero Desperdício estima que existam em Portugal 360 mil pessoas sem terem o que comer, dados que contrapõe às cerca de 50 mil refeições desperdiçadas diariamente no país.