6.4.13

Aumento da tensão nas familias pode potenciar também a violência, diz Laborinho Lúcio

in iOnline

O juiz conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça Laborinho Lúcio afirmou hoje que "o aumento da tensão no interior das famílias", na atual realidade social, "conduz obviamente a possibilidades de aumento de violência".

“Temos de compreender que hoje convivemos e trabalhamos com realidades, nomeadamente sociais, que criam constrangimentos sérios e que podem determinar também condições potenciadoras de violência em geral”, afirmou Laborinho Lúcio, em declarações aos jornalistas em Ponta Delgada.

O ex-ministro da República para os Açores e antigo ministro da Justiça, que falava à margem do “ciclo de debates 2012: Retratos da Violência Doméstica nos Açores”, acrescentou que “o aumento da tensão no interior das famílias conduz obviamente a possibilidades de aumento também de violência no interior da família”, defendendo a necessidade de os responsáveis serem "claramente assertivos no domínio da prevenção primária".

"Sobretudo, é preciso ter a consciência de que precisamos muito rapidamente de conhecer bem o problema e de aculturar a resposta ao fenómeno", disse, considerando que começa a haver violência "significativa" em situações de namoro.

Laborinho Lúcio referiu que os novos dados permitem afirmar que muita violência doméstica se passa "em casais jovens", o que significa que "não há um corte geracional como se pressuponha que pudesse haver e uma maior liberdade, uma maior abertura e uma maior disponibilidade que podia conduzir também a um respeito maior na relação conjugal".

Para o juiz conselheiro, estas questões devem merecer o alerta, quer das autoridades, como também dos cidadãos que "devem estar disponíveis para não abrandar o combate", no sentido de "erradicar, na medida do possível, a violência doméstica".

Laborinho Lúcio sublinhou que os cidadãos devem encarar a denúncia destas situações não como um aspeto negativo, mas numa vertente "cívica" no sentido de "contribuir para acabar com o flagelo da violência doméstica".

Além disso, "é essencial que a escola pegue neste problema, que haja educação dos jovens para os direitos e para a questão da violência doméstica, para evitar, desde muito cedo, que eles venham a crescer num ambiente ou numa convivência em que eles próprios venham a ser mais tarde agentes ativos de violência domestica", acrescentou.

Laborinho Lúcio defendeu “um investimento sério” no domínio da prevenção primária, sublinhando que "é fundamental" a responsabilidade da comunidade na denúncia dos casos, "nas situações que são conhecidas".