9.4.13

OIT alerta para desemprego na Europa "sem sinais de melhoria"

in RTP

Um milhão de pessoas perdeu o emprego na União Europeia nos últimos seis meses. O número consta de um relatório da Organização Internacional de Trabalho (OIT) que serve de ponto de partida para mais uma reunião regional europeia da instituição, a ter lugar a partir desta segunda-feira em Oslo, na Noruega. No mesmo documento pode ainda ler-se que “não há sinais de melhoria”.

Na introdução ao relatório, a OIT escreve que “as perspetivas de emprego na região da Europa são desencorajadoras”, quando os dados mais recentes dão conta de “níveis de desemprego sem precedentes que afetam particularmente os jovens”.

Desde 2008 que a região da Europa está a braços com uma crise económica e financeira de consequências devastadoras para a economia real e para a qualidade de emprego, levando a um aumento no desemprego, embora este tenha abrandado no período de 2010-2011, mas voltando agora a disparar e não havendo “sinais de melhoria".

A OIT, que inicia hoje em Oslo a sua 90ª reunião regional europeia, refere que "agora há mais 10 milhões de desempregados relativamente ao início da crise em 2007, e os jovens e trabalhadores menos qualificados são os mais atingidos".

O relatório refere ainda que “a elevada taxa de desemprego, os drásticos cortes salariais e a congelação dos salários no sector público”, a que se junta “um aumento dos impostos” que afetam “de forma desproporcionada os mais pobres”, têm sido motivo para manifestações pacíficas e protestos que, por vezes, se têm tornado em algumas ocasiões violentos”.

Têm sido estas medidas de rigor orçamental nos países mais atingidos pelos efeitos da crise económica na Europa que levaram a que apenas cinco países - Áustria, Alemanha, Hungria, Luxemburgo e Malta - dos 27 que integram o espaço comunitário europeu registem taxas de emprego acima dos níveis anteriores à crise, enquanto a Grécia, Chipre, Espanha e Portugal viram cair em mais de três por cento as taxas de emprego nos últimos anos.

Problema estrutural

Na ótica da Organização Internacional do Trabalho, o desemprego a longo prazo é um problema estrutural para muitos países europeus e, em 19 deles, mais de 40 por cento das pessoas sem trabalho são consideradas desempregados de longa duração, o que traduz estarem fora do mercado de trabalho mais de um ano, situação que aumenta consideravelmente a possibilidade de convulsões sociais.

Perante 26 milhões de desempregados na União Europeia, a Organização Internacional do Trabalho insiste na urgência de mudanças nas políticas de austeridade atuais por medidas focadas na criação do emprego.

Na introdução ao relatório escreve-se que “a estratégia deverá basear-se na coordenação de políticas económicas, sociais e de emprego que garantam o respeito e os direitos fundamentais e as normas internacionais de trabalho, fortalecendo o diálogo social e captando os atores da economia real para a criação de empregos”.

A OIT observa ainda com “crescente preocupação que o ritmo e o alcance das medidas de consolidação fiscal, tanto nos países afetados pela crise como em outros países europeus, não permitiram cumprir os objetivos políticos fixados e têm posto em perigo a recuperação do emprego tendo tido o efeito de desviar a atenção da mais que necessária reforma do sistema financeiro”.

A 90ª Reunião Regional Europeia da OIT junta empregadores, governos e trabalhadores representantes de 51 países, sendo uma oportunidade para que as delegações da Região Europeia e da Ásia Central compartilharem experiências, discutam a resposta à crise económica e do emprego na região e olhem para os níveis de proteção social, diálogo social e a aplicação do direito do trabalho.