2.7.13

Crise ainda é pior para os ciganos

José Paulo Silva, in Correio da Manhã

As comunidades ciganas têm de se organizar, pondo de lado “querelas internas” para poderem “reclamar uma maior intervenção nas decisões políticas e sociais, num plano local e municipal”. A ideia foi defendida ontem por João Casqueira, da Universidade Fernando Pessoa, um dos participantes no debate que a Rede Social de Barcelos organizou ontem, na Junta de Freguesia de Arcozelo, para assinalar o Dia Nacional do Cigano.

Aquele especialista alertou que, “se para todos, 2013 marca uma mudança, para os Rom (ciganos) essa mudança ameaça ser pior”, já que “a saúde, o alojamento, a educação e o emprego vão faltar cada vez, e para os Rom isso significa que desaparecerá o pouco que já têm”.

Esta percepção foi atestada por Miguel Monteiro, mediador municipal que desenvolve há quase dois anos um projecto de integração social da comunidade cigana do concelho de Barcelos.
De acordo com este “cigano galego”, a sociedade tem de “confiar” mais nesta minoria étnica. “Precisamos de uma oportunidade, que alguém nos dê a mão”, apelou o mediador municipal, consciente das dificuldades acrescidas que ciganos têm no acesso ao emprego, à educação e aos serviços sociais e de saúde, por exemplo. Miguel Monteiro relatou alguns esforços de aproximação que a comunidade cigana barcelense tem registado, nomeadamente uma melhor integração nos sistemas de educação e saúde públicas, embora ainda continuem, muitas vezes, a serem apontados como “bichos do mato”.

João Casqueira alertou para o “racismo social e institucional” que ainda atinge os ciganos, em Portugal e não só. No dia em que a União Europeia acolheu a Cróacia como estado membro, o docente da ‘Fernando Pessoa’ referiu que neste país ocorreu, recentemente, uma campanha xenófoba contra um Rom que ganhou um concurso televisivo.