Texto Juliana Batista, in Fátima Missionária
Segundo o trabalho de investigação, a alimentação surge no «topo das carências»
O desemprego, a necessidade de alimentos, cuidados de saúde e habitação estão a levar os portugueses a sentirem-se revoltados, humilhados e desiludidos, indica um estudo da AMI
O estudo «Vivência da pobreza», realizado pela Assistência Médica Internacional (AMI), revela que existe uma «ligação entre carências socioeconómicas e sentimentos de medo». Falta de bens alimentares, dinheiro, habitação, saúde, educação, emprego, incerteza no futuro e precariedade laboral conduzem as pessoas para «vivências onde o medo, a tristeza, e a pena de si próprios são elementos quotidianos», adianta a organização num comunicado divulgado sexta-feira, 28 de junho.
Segundo o trabalho de investigação, a alimentação surge no «topo das carências», logo seguida por «privações relacionadas com a falta de dinheiro, habitação, saúde e educação». No que concerne à falta de oportunidades, o desemprego surge no «centro das preocupações», seguido da incerteza no futuro e da precariedade laboral. O medo, a tristeza, a pena, a impotência, a acomodação, a culpa são os «sentimentos dominantes», seguidos pela «revolta, vergonha, desilusão e humilhação».
O estudo, realizado entre janeiro e abril de 2012, centrou-se numa «amostra de 50 entrevistas aprofundadas» a beneficiários da ação social da AMI nos centros Porta Amiga de Almada, Angra do Heroísmo, Cascais, Coimbra, Funchal, Vila Nova de Gaia, Olaias e Porto. Dos entrevistados, 36 por cento são reformados, 20 por cento estudantes, 18 por cento beneficiários de Rendimento Social de Inserção, 18 por cento desempregados e oito por cento trabalhadores por conta de outrem.