11.2.21

Taxa de desemprego recua para 7,1% no quarto trimestre de 2020 e fica nos 6,8% no conjunto de 2020

Sónia M. Lourenço, in Expresso

A taxa de desemprego em Portugal recuou nos últimos três do ano passado face ao trimestre anterior, indicam os dados do Instituto Nacional de Estatística publicados esta quarta-feira. No conjunto de 2020, o desemprego ficou nos 6,8%, o que traduz uma subida ligeira face aos 6,5% de 2019 d ficando abaixo de todas as projeções. Aumento da subutilização do trabalho foi mais marcado

O desemprego em Portugal fechou o ano passado a descer, com a taxa de desemprego a recuar para 7,1% no quarto trimestre, menos 0,7 pontos percentuais do que o registado no trimestre anterior, indicam os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicados esta quarta-feira.

Ainda assim, na comparação homóloga, isto é, em relação aos últimos três meses de 2019, verificou-se um aumento de 0,4 pontos percentuais na taxa de desemprego.

O número de desempregados no quarto trimestre de 2020 foi estimado pelo INE em 373,2 mil pessoas, diminuindo 7,7% (menos 30,9 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior e aumentando 5,9% (mais 20,8 mil) relativamente ao quarto trimestre de 2019.

Ao mesmo tempo, o desemprego aumentou na análise em cadeia. O INE estima a população empregada nos últimos três meses de 2020 em 4,8595 milhões de pessoas, o que representa um aumento de 1,2% (mais 59,6 mil pessoas) face ao trimestre anterior. Ainda assim, na análise homóloga, verificou-se uma diminuição de 1% (menos 48,1 mil pessoas).

Dada a situação de pandemia, o INE apresenta ainda outros indicadores. É o caso da população empregada ausente do trabalho - nomeadamente por estar em situação de lay-off -, que na semana de referência do quarto trimestre de 2020 diminuiu 47,8% (menos 396,1 mil pessoas) face ao trimestre anterior. Já em relação ao quarto trimestre de 2019, ou seja, uma situação pré-pandemia, verificou-se um aumento de 26% (mais 89,4 mil pessoas).

"De modo semelhante, observou-se um acréscimo trimestral de 8,5% e uma redução homóloga de 6,6% do volume de horas efetivamente trabalhadas", indica o INE.

Outro indicador-chave é o da subutilização do trabalho. Isto porque dada a situação de pandemia e das medidas restritivas para a combater - como o confinamento geral no segundo trimestre de 2020 e parcial no quarto trimestre de 2020 - há mais pessoas sem emprego que não procuram ativamente um posto de trabalho ou que não estão disponíveis no imediato para aceitar uma vaga, sendo, por isso, classificadas pelo INE como inativas e não como desempregadas.

Ora, no quarto trimestre, a subutilização do trabalho abrangeu 750,3 mil pessoas, tendo diminuído 7,8% (menos 63,4 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior e aumentado 10,7% (mais 72,3 mil pessoas) em relação ao quarto trimestre de 2019.

Como resultado, a taxa de subutilização do trabalho foi estimada pelo INE em 13,8% no quarto trimestre de 2020, diminuindo 1,1 pontos percentuais relativamente ao trimestre precedente e aumentando 1,3 pontos percentuais por comparação com um ano antes. O INE aponta que "este aumento homólogo foi explicado, maioritariamente, pelo aumento do número de inativos disponíveis para trabalhar, mas que não procuraram emprego", situação que, como referido, está particularmente associada à situação de pandemia no país.

O INE apresenta ainda os dados para o conjunto de 2020 que indicam que a taxa de desemprego ficou nos 6,8%, um valor acima dos 6,5% de 2019, mas que traduz um aumento ligeiro. Mais ainda, fica muito abaixo não só da projeção do Governo (8,7%), como das projeções de toda as principais organizações nacionais e internacionais, que oscilavam entre 7,2% (Banco de Portugal) e 10% (Conselho das Finanças Públicas).

Esta evolução, com o desemprego a subir muito menos do que o esperado face à situação de crise no país provocada pela pandemia - recorde-se que o Produto Interno Bruto recuou 7,6% no ano passado, uma queda inédita na história da democracia portuguesa - e muito menos do que na última crise, é indissociável de dois fatores.

Primeiro, o Governo avançou logo em março de 2020 com medidas de apoio ao emprego - o lay-off é o exemplo paradigmático - que permitiram conter a subida do desemprego. E segundo, como já explicado acima, a situação de pandemia leva a que parte das pessoas sem emprego não procurem ativamente um posto de trabalho ou não estejam disponíveis no imediato para aceitar uma vaga, sendo por isso classificadas pelo INE como inativas e não como desempregadas.

Sinal disso, o número de desempregados em 2020 foi estimado pelo INE em 350,9 mil pessoas, aumentando 3,4% (mais 11,4 mil) em relação a 2019.

Já a população empregada foi estimada pelo INE em 2020 em 4,8141 milhões de pessoas, encolhendo 2% (menos 99 mil pessoas) face a 2019.

A taxa de desemprego de jovens (15 a 24 anos) situou-se em 22,6% em 2020, 4,3 pontos percentuais acima do estimado para 2019, enquanto a proporção de desempregados de longa duração foi estimada em 39,5%, menos 10,3 pontos percentuais do que em 2019. O INE frisa que é o "decréscimo mais elevado da série de dados".