6.10.21

Sombra da pobreza energética paira sobre a Europa

in Euronews

Com o inverno à porta e os preços da energia a disparar de forma descontrolada estima-se que, em toda a Europa, cerca de 80 milhões de pessoas façam contas à próxima fatura do gás e eletricidade.

Os efeitos económicos da pandemia de Covid-19 podem agravar ainda mais a pobreza energética, como explicou, em entrevista à Euronews, Alexandre Viviers, especialista em energia na Sia Partners: "Existem pessoas que têm níveis de consumo significativos e que têm dificuldade em pagar [as faturas]. Haverá outras famílias que se auto privarão e desligarão o aquecimento, por exemplo, se quiserem comer. Por isso, haverá diferentes formas de pobreza energética."

Em diferentes países, o nível de rendimento individual e o tipo de energia utilizado ditarão a taxa de população afetada pela pobreza energética.

Com extremos a variar entre os 3% no Luxemburgo e os 30% na Bulgária, os Estados-membros têm dificuldades em encontrar uma abordagem comum para um problema que é de todos.

Os especialistas alertam que as soluções de curto prazo devem estar alinhadas com uma abordagem de longo prazo que contemple o abandono dos combustíveis fósseis assegurando, ao mesmo tempo, a segurança energética.

"Uma das alavancas de que os governos da União Europeia dispõem é, naturalmente, jogar com os impostos e as taxas que fazem parte das contas de energia. Mas essa não é a única opção. Também podem apresentar ajudas financeiras complementares à fatura de energia. Mas penso que esse debate será muito importante. O que pertence à fatura de energia e o que não pertence? Como queremos financiar, entre outras coisas, a transição energética, mas também algumas medidas sociais relacionadas com a pobreza energética", acrescentou Alexandre Viviers.

Enquanto os líderes europeus debatem soluções para a crise, alguns ativistas pedem que o acesso à energia seja reconhecido como um direito humano.

Apelam, igualmente, à União Europeia para criar legislação que proíba o corte de energia a casas num futuro a curto prazo, que atualmente afeta cerca de 7 milhões de casas por ano.