15.3.22

Aprovisionamento de bens está garantido até junho, assegura ministro da Economia

Carla Tomás, in Público on-line

O Governo diz estar a trabalhar para “assegurar que não faltem alimentos e não falte energia”. Mas o aumento de custos é inevitável: "Vamos pagar mais pelos alimentos” e “teremos de ajudar os mais vulneráveis”, avisa o ministro da Economia

Perante a tripla crise a que assiste o país – covid 19, seca e guerra na Ucrânia – o Governo está a trabalhar para garantir o fornecimento e o aprovisionamento de bens alimentares. “O abastecimento de bens alimentares ao país está assegurado. Estamos a diversificar os fornecedores”, informou o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, em conferência de imprensa, esta segunda-feira.

Segundo Siza Vieira, o Governo tem dialogado com importadores de cereais e industriais de moagem, entre outros, sobre o stock armazenado e a diversificação dos mercados mundiais, de forma a que não faltem alimentos essenciais nem energia. Para já, estão armazenados, em silos e nos portos, cereais para quatro meses (até junho).

Em relação ao milho para rações e ao óleo de girassol, que Portugal importa sobretudo da Ucrânia, as origens estão já a ser outras, como o Brasil e a África do Sul. E ainda esta semana “chegou um barco dos Estados Unidos da América com milho forrageiro”, disse a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes”, na conferência de imprensa.

Já o trigo e cereais para panificação são provenientes sobretudo de França, considerado “um mercado estável e que merece confiança”, assegurou a ministra.

Não antevendo quaisquer problemas de abastecimento "nos próximos tempos", o ministro Siza Vieira reconheceu que não sabe qual vai ser o impacto real no aumento de preços. Contudo, advertiu: "Não vale a pena ir a correr aos supermercados esgotar papel higiénico como se fez no início da pandemia ou, agora, óleo de girassol", já que não se preveem falhas de abastecimento das cadeias de supermercados “nos próximos meses”.

No entanto, admitiu, a subida dos custos de produção vai ter impacto: "Vamos pagar mais pelos bens alimentares” e, como tal, “temos de ajudar os mais vulneráveis”. O Governo ainda está a estudar como vai ajudar a atenuar a subida de bens alimentares junto dos consumidores mais vulneráveis. E frisou que para famílias que gastam mais de metade do orçamento em bens alimentares, “a situação será mais difícil”.

PORTA ABERTA A TRANSGÉNICOS?

No âmbito da Política Agrícola Comum (PAC), Maria do Céu Antunes indicou que Portugal está a negociar em Bruxelas o apoio financeiro, de forma a “ter uma reserva disponível de 500 milhões de euros [dos mil milhões destinados aos agricultores] para fazer face a este impacto” da seca e agora da guerra. E também aguardam por decisões da Comissão Europeia sobre a possibilidade de utilizarem terras em pousio para produção de cereais, proteaginosas (leguminosa como a ervilha, o feijão ou o tremoço) e para pastagens para gado.

A Comissão também está a ser pressionada para retirar barreiras à importação de bens alimentares que não cumprem determinadas regras europeias associadas aos produtos transgénicos ou à utilização de produtos químicos.