Dos 235 refugiados ucranianos que até esta quinta-feira passaram pelo centro de acolhimento de emergência de Lisboa, 69 são crianças e jovens até aos 16 anos. A maioria das pessoas já foi acolhida por famílias voluntárias ou hotéis, tendo apenas 12 passado a noite no centro.
O centro de acolhimento de emergência de refugiados ucranianos em Lisboa, criado pela Câmara Municipal, já recebeu 235 pessoas, indicou esta quinta-feira o presidente da autarquia, Carlos Moedas, perspectivando que o fluxo “vai aumentar muito”.
“Neste momento já ajudámos 235 pessoas, que passaram pelo nosso centro de acolhimento. Muitos foram imediatamente enviadas seja para famílias que as podem acolher, seja para hotéis, e muito poucos tiveram que lá passar uma noite, aliás só 12 é que lá passaram uma noite, porque chegaram muito tarde”, afirmou o presidente da Câmara de Lisboa, à margem da inauguração do novo centro tecnológico da multinacional Evolution, localizado na Avenida 24 de Julho.
Instalado num pavilhão desportivo da Polícia Municipal de Lisboa, na freguesia de Campolide, o centro de acolhimento de emergência de refugiados ucranianos tem 100 camas preparadas pela Cruz Vermelha Portuguesa, mas a ideia é ser um primeiro ponto de acolhimento.
No centro de acolhimento de emergência são ainda disponibilizados cuidados de saúde, desde medicamentos a consultas médicas, apoio na formalização dos pedidos de protecção internacional, inclusive acesso imediato ao número de Segurança Social e ao Número de Identificação Fiscal (NIF), e é assegurada alimentação e apoio psicossocial.
Entre as 235 pessoas que passaram pelo centro de acolhimento de Lisboa estão “69 crianças [até aos 16 anos]”, segundo dados do município.
“Tivemos casos de crianças que tinham de ter uma consulta médica e imediatamente conseguimos ter essa consulta, alguns medicamentos que estes refugiados quando chegam não têm, portanto, temos estado a trabalhar dia e noite”, adiantou Carlos Moedas (PSD), referindo que os refugiados estão a chegar por diferentes meios, alguns em carro próprio, outros de avião, havendo ainda “à volta de 50 que já cá estavam a passar férias”.
Quem chega a Lisboa e precisa de ajuda é “imediatamente encaminhada” para o centro de acolhimento de emergência, insistiu o presidente da câmara, explicando que “as pessoas chegam muito cansadas, a um país que não conhecem”.
Contudo, acrescentou, muitos destes refugiados já trazem referências de pessoas que conhecem em Portugal que estão dispostas a ajudá-los.
Depois dessa ajuda imediata, o apoio passa por garantir soluções temporárias de alojamento, que podem ser num hotel ou em casa de famílias que se oferecem para acolher refugiados ucranianos.
Esse acolhimento deve ser pelo período de “pelo menos seis meses”, indicou Carlos Moedas, acrescentando que o passo seguinte é encontrar respostas habitacionais de longo prazo, em articulação com a Segurança Social.
Questionado sobre quantos refugiados podem chegar nos próximos tempos, o autarca de Lisboa reforçou que “estão todos os dias a chegar” mais pessoas, tendo já hoje aterrado em Figo Maduro um avião fretado pela ONG Ukranian Refugees com o apoio do Governo com 267 ucranianos a bordo.
Carlos Moedas perspectivou ainda que “o fluxo semanal será pelo menos de mais de 200 pessoas, mas pode ser muito maior”, uma vez que as pessoas que no início quiseram ficar na Ucrânia, vêem agora que não conseguem permanecer no país.