20.3.12

O dia dos Pais desempregados

Costa Guimarães, in Correio do Minho

Desde o nascimento de um filho, o sol passa a ter para o pai um brilho mais intenso e mais bonito.

Esperamos e tudo fazemos para que o filho seja um ser humano cheio de muitas qualidades, e torcemos para que tenha um coração sábio e nunca desista diante dos obstáculos e dificuldades que apareçam na sua vida.
Em cada dia do pai, cabe a nós, depois de recebermos o prémio da vida, tentar fazer sempre o melhor, nunca desanimar, acreditar e vencer.

Dizem que o primeiro a comemorar o Dia dos Pais foi um jovem chamado Elmesu, na Babilónia, há uns 4.000 anos. Ele esculpiu em argila um cartão para o seu pai onde desejava sorte, saúde e longa vida. Em 1909, uma norte-americana filha do veterano da Guerra Civil John Smart, quis homenagear seu pai que criara sozinho seis filhos, após a morte da mulher.

Muitos pais portugueses celebraram agora um dos dias do Pai mais amargos das suas existências, proporcionando aos filhos a oportunidade de um grande desafio para perceberem porque é que este ano não puderam dar uma lembrança ao pai. É que a mãe, também desempregada, não pôde ajudá-los a cumprir esse gesto. Segundo os dados da OIT, o desemprego mundial atingiu os 197 milhões de desempregados e pode ultrapassar os 200 milhões neste an o.

Em Portugal, chegamos a um milhão e 200 mil desempregados, ou seja a uma taxa de desemprego de 15% do total da população activa e com tendência crescente. Os pais jovens são os mais afectados, tanto a nível mundial como no nosso País, que maior dificuldade tem em encontrar empregos não precários.

Neste dia do Pai, quem ouvirá o alerta lancinante de Juan Somavia, Director-geral da OIT quando afirma que é absolutamente indispensável repensar a economia à luz dos Direitos Humanos que incluem direitos económicos e sociais. O desemprego é uma forma particular de desmoralização psico-social, desmotivando as pessoas do combate da vida. Dos felizardos que desfrutam de um posto de trabalho seguro, poucos pais e ainda menos filhos têm consciência disto.

A desocupação não significa tempo livre porque ninguém pode “descontrair” contra-vontade e sem limite. O resultado é a inactividade física, a inércia mental, a instabilidade psíquica e, finalmente, a perda da capacidade de contacto social e da auto-estima. Oxalá, a estes pais, não lhes falte, pelo menos, um beijo carinhoso dos filhos, e um abraço solidário dos pais que têm emprego, a desejar-lhe, como o jovem de Babilônia, que tenha sorte, saúde e longa vida.