in Público on-line
O presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) acusou hoje o Ministério da Saúde de não honrar as suas obrigações e sublinhou que há instituições em situação de ruptura e com salários em atraso.
Manuel Lemos afirmou à Lusa que as situações mais graves estão a ser vividas na zona centro do país e apontou o dedo aos responsáveis da Administração Regional de Saúde do Centro pela sua “total insensibilidade”, aproveitando para deixar uma mensagem: “Quem não estiver a dar conta do recado tem que se ir embora.”
O responsável da UMP salientou, após uma assembleia-geral da UMP, que, dos 35 a 40 milhões em dívida por parte do Estado, é preciso receber no imediato um terço desse montante, caso contrário vai assistir-se a uma “diminuição brutal da cobertura social do nosso país”. “As Misericórdias não fazem greves, não fazem boicotes: caem para o lado”, alertou.
Na assembleia-geral da UMP, que teve hoje lugar em Fátima e reuniu mais de 200 associados, foi destacada a cooperação do Ministério da Solidariedade e Segurança Social, mas o Ministério da Saúde foi alvo de todas as críticas.
Manuel Lemos enfatizou “os testemunhos pungentes dos senhores provedores pelo facto de o Ministério da Saúde não estar minimamente a cumprir o que acordou” com as diversas instituições.
“Uma das mensagens que hoje recebi de uma delas [misericórdias] dava conta de que a partir de hoje não garantia o aquecimento no local onde estão os doentes, por não conseguir pagar aos fornecedores”, revelou.
“Foi agora aprovado o Orçamento Rectificativo e foram atribuídos 1500 milhões de euros à Saúde. É público que uma parte dessa verba seria para regularizar as situações com o sector social. Temos confiança no ministro e no secretário de Estado” para que a situação seja resolvida, acrescentou. Manuel Lemos afirmou, contudo, que “é preciso que isto não se fique pelas palavras políticas e se passe aos actos”.