26.4.12

Ramalho Eanes alerta para aumento ameaçador do desemprego

in Público on-line

O general Ramalho Eanes considera que o aumento do desemprego no país “começa a ser ameaçador” e as medidas de austeridade “estão a destruir a classe média”, alertou, numa entrevista à RTP1.

Na entrevista, de cerca de uma hora, transmitida quarta-feira pelo canal público de televisão, o ex-presidente da República, 77 anos, avaliou que “as medidas de austeridade que estão a ser aplicadas pelo Governo são muito violentas” e “agravam as desigualdades sociais”.

Apesar de concordar com a necessidade de reformas estruturais no país, Ramalho Eanes considera que deveriam ser tomadas “medidas selectivas” na sua prossecução.

Questionado sobre o que pensa do actual primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, o ex-presidente da República, descreveu-o como “um governante sério, interessado e determinado”.

Ainda sobre a situação no país, e a forma como a sociedade portuguesa está a reagir à crise económica, Ramalho Eanes apontou que tem vindo a reparar no trabalho das organizações de solidariedade, e no aumento da sua acção, bem como na maior importância da família.

“O apoio das famílias tem sido muito importante, mas mesmo assim há muitos portugueses que estão a desistir do país e a emigrar”, lamentou.

Presidente por dois mandatos a seguir à Revolução de 1974 - venceu as eleições presidenciais em 1976 e 1980 - António Ramalho Eanes recordou, na entrevista, muitos dos momentos conturbados do período pós-revolucionário.

Ramalho Eanes encontrava-se em serviço militar em Angola quando se deu a Revolução de 25 de Abril, aderiu ao Movimento das Forças Armadas e regressou a Portugal, onde chegou a ser director de programas e presidente do conselho de administração da RTP até Março de 1975.

Sobre o 25 de Abril, comentou que esse episódio da História de Portugal, “foi sobretudo a assunção das Forças Armadas da sua responsabilidade nacional em restituir a liberdade aos portugueses para dirigirem o seu destino”.

Falando sobre várias figuras militares e políticas, considerou que Otelo Saraiva de Carvalho “liderou muito bem o 25 de Abril”, mas, nalguns momentos, “foi infantil”.

Sobre o histórico socialista e também ex-presidente da República Mário Soares, Eanes disse: “Tenho uma grande consideração por Mário Soares enquanto batalhador pela democracia, mas não tenho estima nenhuma por ele”.