27.4.12

Nobel diz que austeridade está a empurrar Europa "para o suicídio"

in Jornal de Notícias O economista e vencedor do prémio Nobel, Joseph Stiglitz, afirmou, esta sexta-feira, que a Europa está numa situação complicada devido às medidas de austeridade que estão a empurrar o continente "para o suicídio". "Nunca houve um programa de austeridade bem sucedido num país grande", declarou o economista de 69 anos aos jornalistas, quinta-feira, em Viena, citado hoje pela agência Bloomberg. "A abordagem europeia é, sem dúvida, a menos prometedora. Penso que a Europa caminha para o suicídio", salientou. Os governos dos 27 estados-membros da União Europeia estão a aplicar medidas de austeridade que atingem os 450 mil milhões de euros, numa altura em que se vive uma crise da dívida soberana. A dívida da zona euro disparou, no final do ano passado, para valores recorde desde que foi criada a moeda única, à medida que os governos aumentavam os empréstimos para travar os défices orçamentais e financiar resgates aos países com mais dificuldades. Se a Grécia fosse o único país europeu a aplicar medidas de austeridade, os responsáveis europeus poderiam ignorá-lo, considerou Stiglitz, "mas com o Reino Unido, a França e todos estes países a sofrer a austeridade é como se fosse uma austeridade conjunta e as consequências económicas vão ser duras". Embora os líderes da zona euro "tenham percebido que a austeridade por si ó não funciona e que é preciso crescimento", não houve ações nesse sentido "e o que acordaram fazer em dezembro é uma receita para garantir que vai morrer", afirmou, referindo-se ao euro. E acrescentou: "A austeridade combinada como os constrangimentos do euro é uma combinação fatal". Stigltiz admite uma zona euro de "um ou dois países", constituída pela Alemanha e possivelmente a Holanda e a Finlândia, como "o cenário mais provável se a Europa mantiver a abordagem de austeridade" que levará a altos níveis de desemprego, como o de Espanha que atinge 50 por cento nos jovens desde a crise de 2008, "sem esperança de melhorias nos próximos tempos". "O que estão a fazer é destruir o capital humano, estão a criar jovens alienados", alertou. Para impulsionar o crescimento os líderes europeus terão de redirecionar as despesas públicas para "utilizar ao máximo" instituições como o Banco Europeu de Investimento e introduzir impostos que melhorem o desempenho económico.