Andreia Major, in Negócios online
Um estudo do Banco Mundial concluiu que três quartos dos pobres de todo o mundo são "sem banco", ou seja, não têm conta bancária numa instituição financeira formal.
Três quartos dos pobres de todo o mundo não têm conta bancária e o facto deve-se, não só à pobreza, mas também ao custo, à distância percorrida e à quantidade de papéis envolvidos na abertura de uma conta, de acordo com o relatório do Banco Mundial.
O estudo realizado em 2011 que envolveu 150 mil pessoas de 148 países concluiu que mais de 75% dos adultos que ganham menos de 2 dólares (1,5 euros) por dia não utilizam uma instituição financeira formal.
O fenómeno dos “sem banco” está também relacionado com a desigualdade de rendimentos, dado que os 20% mais ricos dos países em desenvolvimento têm duas vezes mais probabilidade de ter uma conta bancária que os 20% mais pobres, segundo o relatório do Banco Mundial.
Aqueles que não têm acesso ao sistema bancário formal, têm, muitas vezes, de confiar em “emprestadores de dinheiro” não oficiais, que cobram geralmente taxas elevadas. Os “sem banco” têm também menos probabilidades de começarem o próprio negócio ou de se precaverem contra situações inesperadas.
A inclusão financeira ou o “ter banco” pode ser transformador e decisivo na vida de uma pessoa, dado que tal poderá permitir aos mais pobres construírem um futuro mais seguro.
A capacidade de poupar e pedir emprestado permite às pessoas construírem os seus bens, começarem um negócio, investirem na educação, estabelecerem uma classificação de crédito e, eventualmente, terem uma casa, de acordo com o relatório do Banco Mundial.
“Fornecer serviços financeiros às 2,5 mil milhões de pessoas que são ‘sem banco’ poderá impulsionar o crescimento económico e as oportunidades para os pobres do mundo”, disse o presidente do Banco Mundial, Robert B. Zoellick, no relatório da instituição.
“Aproveitar o poder dos serviços financeiros pode realmente ajudar as pessoas a pagarem a escolaridade, a pouparem para uma casa e a começarem um pequeno negócio que pode proporcionar empregos para outros”, continuou Zoellick.
O relatório indica também que as mulheres estão em particular desvantagem no que toca ao acesso aos serviços financeiros. Apenas 37% das mulheres nos países em desenvolvimento têm conta no banco, enquanto que nos homens a percentagem sobe para 46%.
Este fosso é ainda maior entre os cidadãos em situação de pobreza. As mulheres que vivem com menos de 2 dólares por dia têm uma probabilidade 28% menor de ter uma conta bancária que os homens.
Em todo o mundo, 22% dos adultos declararam ter poupado dinheiro numa instituição financeira formal nos últimos 12 meses, de acordo com os dados do Banco Mundial.
Esta reduzida percentagem remete para um facto: a maioria da população de todo o mundo não utiliza a sua conta para poupar.
Entre aqueles que têm uma conta bancária, apenas 43% dos adultos usam a sua conta para poupar, e cerca de 61% dos detentores de conta de todo o mundo utilizam-na para receber pagamentos da entidade empregadora, do governo ou da família.
O relatório concluiu também que poucos adultos que vivem nos países em desenvolvimento utilizam produtos financeiros formais para gerir o risco.
Quanto aos hábitos nos países desenvolvidos, nove em cada dez adultos que vivem em economias com rendimentos altos revelaram ter uma conta numa instituição financeira formal, de acordo com o relatório do Banco Mundial.