in Agência Ecclesia
As Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) “veem-se incapazes de responder a todas as solicitações com que são confrontadas”, revela um estudo apresentado, esta sexta-feira, em Lisboa.
Com o título «As Instituições Particulares de Solidariedade Social num contexto de crise económica», o estudo - fruto de uma parceria entre a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) e a Fundação Millennium BCP – realça também “que quase todas as IPSS têm listas de espera para os serviços convencionais regulamentados”.
Sendo uma realidade multissecular na sociedade portuguesa e encontrando-se dispersas por todo o país, a atuação das IPSS tem “impactes positivos, tanto sociais como económicos” e abrangem “diversas vertentes”.
No capítulo das respostas destas instituições às necessidades sociais, o estudo coloca em destaque a oferta de serviços “convencionais e regulamentados a crianças, idosos, e pessoas dependentes geralmente a preços abaixo do mercado, dado o caráter não lucrativo destas instituições e o facto de contarem com apoios públicos e privados”.
No campo das ofertas sociais, o documento revela também que as IPSS têm contribuído para a “fixação de pessoas nas áreas rurais e, em muitos locais, o despovoamento seria muito mais acentuado” se estas não existissem.
O reforço do recurso ao trabalho voluntário tem permitido a muitas destas instituições “estarem à altura de responder a este novo afluxo de necessidades sociais sem aumentarem significativamente os custos”, lê-se e acrescenta: “De acordo com as IPSS entrevistadas, esta estratégia é bem-sucedida nos casos em que existe uma estreita ligação entre as IPSS e os serviços paroquiais locais”.
Em relação aos desafios à atuação das IPSS, o estudo revela que as “situações de carência material como pobreza, pobreza envergonhada e fome, bem como as dificuldades em fazer face aos compromissos financeiros, embota tenham (ainda) uma magnitude não alarmante no seio da sociedade portuguesa, aumentaram substancialmente nos tempos mais recentes”.
Este acréscimo é sobretudo resultante do atual contexto de crise económica e “não se vislumbrando uma melhoria das condições económicas para os tempos mais próximos, será de admitir que se mantenha a tendência de agravamento destes problemas na sociedade portuguesa”.
As IPSS e as autarquias, “tanto de forma isolada com em colaboração”, têm vindo a desenvolver esforços para “combater estas situações” e sem o contributo destas entidades “o panorama de agravamento social nestas matérias seria mais gravoso”.
As instituições têm consciência de que é preciso fazer algo para responder a estes novos desafios, no entanto está ainda “muito enraizada nas mentalidades de muitas IPSS que as soluções passam quase sempre e fundamentalmente pelo reforço dos apoios público”, frisa o documento.
Os apoios públicos continuarão a ter “necessariamente um papel importante na estrutura de financiamento das IPSS”, mas estes “não podem continuar a ser encarados como a fonte primeira e em muitos casos quase exclusiva de recursos financeiros”.
E conclui: “Esta mudança de visão obriga também e primeiro que tudo a uma mudança de mentalidades no seio de muitas das IPSS”.
LFS