27.4.12
Crise está a 'acentuar' a probreza no Baixo Alentejo
in Sol
A crise está a «acentuar» a pobreza no Baixo Alentejo, afectando sobretudo jovens e idosos, e a provocar um «fenómeno de pobreza envergonhada» entre pessoas de classe média, disseram hoje à Lusa fontes de instituições sociais locais.
No Baixo Alentejo, «fruto da crise, e à semelhança do que acontece no resto do país, o fenómeno da pobreza está a acentuar-se», disse o coordenador do Núcleo Distrital de Beja da EAPN Portugal/Rede Europeia Anti-Pobreza, João Martins.
«Já tínhamos uma taxa elevada de pobreza», mas, devido à crise, têm «aumentado» os casos, disse o bispo de Beja, António Vitalino Dantas, referindo que instituições ligadas à Igreja, como a Cáritas, «têm sentido um aumento de pedidos de ajuda».
João Martins e António Vitalino Dantas falavam à margem do seminário ibérico «Lutar contra a pobreza em tempo de crise: os desafios que o interior enfrenta», a decorrer hoje em Beja.
Segundo João Martins e António Vitalino Dantas, a pobreza na região afecta sobretudo jovens e idosos, mas, devido à crise, está a «crescer» um «fenómeno de pobreza envergonhada» entre pessoas de classe média.
«Há muitos jovens a viver na pobreza, porque não conseguem oportunidades de emprego», explicou João Martins, apontando «casos de jovens, muitos com mais de 30 anos, que continuam a viver dependentes e na casa dos pais».
Trata-se de «um fenómeno crescente e de enorme desespero para muitos jovens», frisou João Martins, referindo que a pobreza entre os idosos deve-se às «baixas reformas».
Por outro lado, «há casos em que são os idosos, através das suas reformas, que ajudam os filhos e netos a sobreviver», contou João Martins, frisando tratar-se de «uma situação dramática, que está a acentuar-se».
Actualmente, «preocupa-nos também as pessoas, catalogadas como sendo de classe média, que, devido à crise, começam a viver com muitas dificuldades», disse António Vitalino Dantas.
Trata-se de «pessoas que tinham uma vida estável, mas, por terem ficado desempregadas e sem recursos, não conseguem suportar as suas despesas», como a prestação da casa, explicou António Vitalino Dantas, referindo tratar-se de «casos difíceis, porque as pessoas têm vergonha de pedir ajuda».
No entanto, «mesmo com vergonha, as pessoas, que nunca se viram a fazer pedidos desta natureza, acabam por pedir ajuda», disse João Martins, referindo que «está a crescer o número casos de pessoas de classe média a pedir ajuda junto de instituições sociais», como a Cáritas e o Banco Alimentar.
Na sua intervenção no seminário, a directora do Centro Distrital de Beja da Segurança Social, Helena Barreto, disse que as várias respostas sociais existentes no distrito «abrangem mais de 9.800 utentes, empregam cerca de 3.400 pessoas e representam um encargo anual de 30 milhões de euros».