Por Romana Borja-Santos, in Público on-line
Mais de 48% dos portugueses consideram que as novas taxas moderadoras que entraram este ano em vigor – e que alteraram tanto os casos isentos como aumentaram os valores dos vários actos médicos – em nada contribuirão para uma melhor gestão da saúde em Portugal. Este é um dos principais dados sugeridos pelo do barómetro BOP Health “Os Portugueses e a Saúde”, desenvolvido pela empresa Spirituc Investigação Aplicada, em parceria com a consultora de comunicação Guess What PR.
O inquérito apresentado nesta terça-feira foi conduzido em Janeiro junto da população portuguesa com mais de 18 anos residente em território continental e foi feito por telefone fixo ou móvel. A amostra contou com 618 questionários e o intervalo de confiança é de 95% para uma margem de erro de 4%.
De acordo com o inquérito, 48,1% dos inquiridos não acreditam que as novas taxas moderadoras resolvam os problemas de gestão do Serviço Nacional de Saúde (SNS). A população com idade superior a 40 anos e com níveis de instrução mais baixos é aquela que apresenta uma posição mais crítica relativamente a este assunto. Ainda assim, 20% dos inquiridos aceitam a ideia de um SNS pago e mais de 1/3 aceitam que não seja universal.
No que diz respeito a sector público e privado, quase 25% dos inquiridos admitiram ter recorrido a uma instituição de saúde privada nos últimos seis meses, sendo este perfil mais comum na zona de Lisboa e Vale do Tejo, sobretudo nas camadas mais jovens da população. Quanto a satisfação, os inquiridos que recorreram ao sector privado mostraram-se mais satisfeitos, numa altura em que 23,8% disseram já ter um seguro particular.
Notoriedade do ministro muito reduzida
A parte do inquérito que pretendia avaliar a prestação do Ministério da Saúde mostrou que a notoriedade do ministro Paulo Macedo é muito reduzida: apenas 1/5 dos inquiridos diziam saber o nome do titular da pasta da Saúde e só 15% o fizeram de forma correcta. Mais de 30% consideraram também o seu desempenho “mau ou muito mau e 43,5% dos portugueses consideraram que a gestão do actual ministério é “muito má”. A comunicação da tutela foi um dos problemas apontados por metade dos inquiridos.
Numa parte do inquérito dedicada às fontes de informação em saúde, o estudo permitiu perceber que o médico continua a ser a figura privilegiada pelos inquiridos, ainda que 30% já utilizem a Internet, sobretudo para procurar informação sobre sintomatologia. No campo da indústria farmacêutica, os participantes dizem obter a informação pela televisão e acreditam que os laboratórios têm uma função importante em termos de investigação e rastreios. Porém, 1/3 dos inquiridos disseram que os laboratórios se preocupam maioritariamente com os seus interesses e 25% acreditam que em nada contribuem para uma melhor saúde em Portugal. Da mesma forma 50% disseram que a marca do medicamento não é relevante.
Por último, os inquiridos em geral (46,3%) não têm qualquer percepção sobre eventuais diferenças de preços praticados em farmácias e parafarmácias e parece não haver uma opinião consensual entre os inquiridos sobre a possibilidade se vender medicamentos com prescrição médica nas parafarmácias.