in Jornal de Notícias
Um estudo que envolveu 300 estudantes da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro concluiu que 17,4% dos universitários apresentavam sintomatologia depressiva clinicamente significativa.
No estudo "Sintomatologia depressiva em estudantes universitários: prevalência e fatores associados", divulgado esta quinta-feira no congresso da Ordem dos Psicólogos, participaram 300 estudantes, com idades entre os 18 e os 30 anos, sendo a maioria (67,3%) mulheres.
O estudo analisou a prevalência de sintomatologia depressiva em estudantes universitários e a sua relação com variáveis sociodemográficas como a idade, género, ano, curso e a sua satisfação com o curso e a universidade.
Analisou ainda a satisfação com os serviços existentes de apoio ao estudante, a proveniência de meio rural ou urbano, residência em tempo de aulas, satisfação com o alojamento, posição financeira, ser trabalhador-estudante e o suporte social.
Segundo a autora do estudo, a depressão mostrou uma correlação significativa com a satisfação com o suporte social.
"A correlação negativa indica que os indivíduos que estão satisfeitos com o suporte social apresentam valores mais baixos de sintomatologia depressiva e vice-versa", explicou Márcia Pereira.
O estudo revelou que 58 estudantes apresentavam um "humor disfórico ou deprimido".
Para a psicóloga, esta percentagem é "considerável, mostrando a relevância desta problemática e justificando a necessidade de uma devida atenção, não só ao nível da intervenção (através do serviço de acompanhamento psicológico nas universidades), mas também ao nível da prevenção (através de programas informativos na comunidade)".
Segundo o estudo, não foram verificadas diferenças significativas nos valores médios da depressão, no que diz respeito ao género, relacionamento, deslocação da sua residência habitual e a sua proveniência (meio rural ou urbano).
A maioria dos inquiridos encontra-se deslocada da sua residência habitual e provêm de um meio urbano e vive em casa ou apartamento partilhado.
A maioria disse estar satisfeita com a sua acomodação e com a sua situação financeira, sendo que apenas 9.7% são trabalhadores-estudantes e destes a maioria em 'part-time' (54.8%).
O estudo constatou ainda que a maioria está satisfeita com o curso, com a universidade, com o sistema de ensino, com as atividades socioculturais e desportivas e com o sistema de apoio ao estudante.
Também não foram verificadas diferenças significativas nos valores médios da depressão relativamente ao género, relacionamento, deslocação da sua residência habitual e proveniência.
Márcia Pereira observa que os estudos realizados em Portugal continuam escassos, não só no que se refere à prevalência mas também relativamente aos fatores de risco ou variáveis que podem estar relacionadas com o desenvolvimento deste distúrbio, considerado bastante incapacitante.