27.4.12

IPSS: «Sobrevivência financeira» passa por reduzir custos e aumentar receitas próprias

in Diário Digital A sustentabilidade financeira a prazo e a «sobrevivência» de muitas das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) passa pela «redução de custos» e pelo aumento das receitas próprias, segundo um estudo da CNIS que será divulgado hoje. O estudo 'As Instituições Particulares de Solidariedade Social num contexto de crise económica', promovido pela Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), com o patrocínio da Fundação Millenium BCP, analisou várias problemáticas com que as IPSS se deparam actualmente, designadamente a sua sustentabilidade económico- financeira, «assunto especialmente premente num contexto de redução da componente de financiamentos públicos». Algumas conclusões do estudo, a que a agência Lusa teve acesso, apontam que «a sustentabilidade financeira a prazo e até mesmo a sobrevivência de muitas das IPSS passa em larga medida por estas serem capazes de encontrarem a combinação de estratégias de redução de custos e de aumento das receitas próprias que lhes permita atingir o equilíbrio económico-financeiro num quadro de quebra das transferências públicas». Por outro lado, salienta, as necessidades sociais relacionadas com situações de carência material, como pobreza, pobreza envergonhada e fome, bem como dificuldades em fazer face aos compromissos financeiros, «embora tenham, ainda, uma magnitude não alarmante» na sociedade, «aumentaram substancialmente nos tempos mais recentes». Para os autores do estudo, o grande desafio à actuação das IPSS é «continuarem a responder às necessidades sociais, antigas e novas», mas a partir de uma base de apoios financeiros mais diversificada, onde os apoios públicos são uma entre várias outras fontes de financiamento. «Os apoios públicos continuarão a ter necessariamente um papel importante na estrutura de financiamento das IPSS, mas estes não podem continuar a ser encarados como a fonte primeira e em muitos casos quase exclusiva de recursos financeiros», defende. Palmira Macedo, da CNIS, adiantou à Lusa que este trabalho fez «um levantamento das respostas existentes [nas IPSS] para os problemas e as necessidades» da população, algumas ainda «não muito explícitas, mas já identificadas». O estudo analisou a adequação dos apoios e respostas sociais às necessidades da população e as respostas que estão a ser encontradas para dar responder ao «acréscimo de antigas e novas necessidades sociais por parte da população». Olhou também para o papel das autarquias, enquanto complementar da missão das IPSS. «O objectivo central deste projecto é, naturalmente, oferecer um conjunto de recomendações que sirvam para as IPSS reforçarem a sua capacidade de actuação num contexto social e económico mais difícil», refere a CNIS. Para a elaboração do estudo foram realizadas entrevistas a quase todas as IPSS do país, a «personalidades com profundo conhecimento» destas problemáticas, a autarquias, tendo sido obtidas 562 respostas das IPSS, 231 das freguesias e 179 dos municípios. Palmira Macedo explicou que os inquéritos feitos às autarquias foram «no sentido de ver em que medida esses órgãos de poder local estavam sensibilizados e apoiavam estas instituições». Tiveram ainda como objectivos verificar se «tinham respostas próprias para satisfazer as necessidades das pessoas em situação de pobreza e exclusão», acrescentou.