in Agência Financeira
O aviso parte da Organização das Nações Unidas (ONU): Portugal precisa de «políticas inteligentes» de estímulo de curto prazo à economia para quebrar o «ciclo vicioso"»da crise económica e financeira.
A ONU faz um balanço «algo dececionante» das discussões e decisões dos últimos dias nas reuniões de primavera do Fundo Monetário Internacional, em Washington,, sobretudo pela falta de uma «determinação imediata» dos atores internacionais no estímulo ao crescimento económico e criação de empregos, apontou o diretor de análise de políticas de desenvolvimento das Nações Unidas, Rob Vos.
O decidido reforço dos fundos do FMI «pode ajudar a acalmar mercados», mas «muito claramente [a economia global] ainda não saiu do buraco». «Deveria ser feita mais coordenação de políticas para estimular o crescimento a curto prazo», disse à Lusa o economista holandês.
«O foco [em Washington] tem sido muito sobre reparar balanços orçamentais, particularmente na Europa, em reformas estruturais para estimular o crescimento a médio prazo. Mas podem ser causados muitos danos se não houver um empurrão no curto prazo».
E neste momento há «demasiada ênfase em austeridade orçamental». Embora alguns países «não tenham opção» senão equilibrar as contas públicas, outros implementam políticas orçamentais restritivas mesmo tendo folga, agravando a recessão, particularmente na Europa. «É um ciclo vicioso. Para Portugal, Espanha, será um problema enorme».
Os novos mecanismos europeus de segurança e ações do Banco Central Europeu ajudam «a quebrar um pouco do ciclo [vicioso], mas, se o crescimento continuar a ser baixo e até negativo e o desemprego continuar elevado, será muito difícil sair desta crise».
«Acho que é muito importante que muito mais ação a curto prazo seja feita para tentar pôr as economias outra vez em andamento. Trabalhando em planos no ajustamento orçamental, mas que sejam credíveis a médio prazo».
Sobre o caso português, o economista da ONU afirma que, mesmo com pouca folga orçamental, é possível criar incentivos fiscais à criação emprego, que impulsiona o crescimento económico.
«Nalguns casos pode lançar-se rapidamente a criação de emprego a curto prazo. Por exemplo criando programas de emprego muitos específicos que podem pôr a trabalhar muitos jovens desempregados. Daria um impulso à economia, apesar dos constrangimentos orçamentais».
Vos defende ainda medidas de estímulos a pequenas e médias empresas e mais recursos para investimentos em infraestruturas, que se traduzem em ganhos económicos se forem «feitas de maneira inteligente».