Por:João Saramago, in Correio da Manhã
Ciência sem verba para desemprego
O Ministério da Educação e da Ciência não dispõe dos 18 milhões de euros necessários para garantir o subsídio de desemprego aos bolseiros, disse ontem a secretária de Estado da Ciência, Leonor Parreira, na conferência ‘Ciência 2012: Portugal – Caminhos de Excelência em Ciência e Tecnologia’, que decorreu em Lisboa.
"Qualificar mais gente ao mais alto nível é um esforço que não pode parar", disse Leonor Parreira, adiantando que não é possível garantir o subsídio de desemprego aos bolseiros perante este esforço. "A passagem para o regime da Segurança Social dos bolseiros implica um custo para a Fundação da Ciência e Tecnologia de 18 milhões de euros, o que equivale a mil bolsas de doutoramento", explicou.
"Integrar os bolseiros no regime geral da Segurança Social é diminuir o número de bolsas de doutoramento e praticamente acabar com elas. É privar novas gerações de uma formação de alto nível em Ciência e Tecnologia para a contribuição para o desemprego que é muito baixo nos doutorados, cerca de 0,4%", acrescentou.
A secretária de Estado foi também crítica com a comunidade científica por concorrer pouco à atribuição de bolsas europeias. "Toda a comunidade tem de perceber que tem de concorrer a todas as oportunidades de financiamento. Ousamos pouco em concorrer", disse.
Leonor Parreira recordou que há oito mil milhões de fundos comunitários que vão estar abertos até Julho deste ano, depois de indicar o posicionamento negativo de Portugal no Sétimo Programa-Quadro da União Europeia. A contribuição portuguesa foi de 450 milhões de euros, mas os nossos cientistas só conseguiram capturar 300 milhões de euros.
No encontro, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou que o Governo quer fazer da Ciência e Tecnologia "um dos principais motores do crescimento e do emprego" (ver entrevista na página 47).