in Jornal de Notícias
Quase 40% das famílias portuguesas estão endividadas e 25% têm hipotecas sobre a casa, revela o Inquérito à Situação Financeira das Famílias, realizado em 2010 pelo Banco de Portugal e Instituto Nacional de Estatística.
Segundo as conclusões do inquérito,13% das famílias endividadas têm encargos com a dívida superiores a 40 por cento do seu rendimento.
A riqueza líquida média dos 10% de famílias com maior rendimento (511 mil euros) é sete vezes superior à riqueza líquida dos 20% com menor rendimento (69,7 mil euros), acrescenta o Inquérito à Situação Financeira das Famílias (ISFF), inserido no projeto europeu 'Household Finance and Consumption Survey', destinado a caraterizar a situação financeira das famílias da área do euro.
Do inquérito resulta também a "preponderância dos ativos reais no total dos ativos das famílias (88%), em detrimento dos ativos financeiros (que se ficam pelos 12%).
Mais de metade do valor dos ativos reais resulta do valor da residência principal, enquanto as contas de depósitos a prazo são os ativos financeiros com maior peso para as famílias, representando quase 60% da riqueza financeira, seguidos dos depósitos à ordem e de ações/fundos/títulos de dívida, ambos com 13%, e dos planos voluntários de pensões, com 10%.
De acordo com as conclusões do inquérito, para o conjunto das famílias endividadas o rácio médio entre o serviço da dívida e o rendimento monetário mensal é de 16%, mas em 13% dos casos este rácio é superior a 40 por cento, valor geralmente considerado como "crítico".
Segundo notam o Instituto Nacional de Estatística (INE) e o Banco de Portugal (BdP), este rácio é decrescente com o nível de rendimento", pelo que é particularmente elevado nas famílias endividadas da classe de rendimento mais baixa, onde ultrapassa "claramente" os 40 por cento.
Relativamente à distribuição da riqueza líquida média das famílias residentes em Portugal, é "ligeiramente superior" a 150 mil euros, sendo a riqueza líquida mediana cerca de metade, o que traduz uma "forte assimetria" na distribuição da riqueza.
No que respeita à dívida e endividamento, o ISFF 2010 conclui que a dívida hipotecária associada à residência principal "tem um peso dominante na dívida das famílias", na ordem dos 80%, seguindo-se a dívida associada a hipotecas de outros imóveis, com um peso de 12%.
O estudo aponta como estando endividadas quase 40 por cento das famílias, sendo o valor mediano da dívida de 31,7 mil euros.
Cerca de 25% das famílias têm hipotecas sobre a sua residência principal e três por cento sobre outros imóveis, enquanto 13% das famílias endividadas têm empréstimos não garantidos e cerca de oito por cento tem dívidas associadas a cartões de crédito, linhas de crédito ou descobertos bancários.
A este propósito, o INE e o BdP notam que a percentagem de famílias endividadas "aumenta com o rendimento para a generalidade dos tipos de dívida", exceto no caso dos empréstimos não garantidos por imóveis, para os quais a maior proporção de famílias com dívida ocorre nas classes intermédias de rendimento.