25.5.12

Cerca de 95% dos ciganos que vivem em Portugal estão em risco de pobreza

Por Paula Torres de Carvalho, in Público on-line


Portugal é um dos países europeus com mais ciganos em risco de pobreza, revela um relatório publicado pela Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (FRA) e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Este relatório, segundo o qual, os ciganos continuam a ser vítimas de discriminação e exclusão social em toda a União Europeia (UE), prevê que cerca de 95% dos que vivem em Portugal, se encontram em más condições de vida.

O estudo foi elaborado com base em dois inquéritos sobre a situação sócio-económica dos ciganos e dos não ciganos residentes em áreas próximas em 11 estados-membros da UE e em países europeus vizinhos.

Os resultados mostram “um quadro sombrio da situação actual dos ciganos” na União Europeia, considera Morten Kjaerum, director da FRA. “A discriminação e a hostilidade contra os ciganos persistem. Os resultados demonstram a necessidade de medidas rápidas e eficazes, em especial para melhorar a educação dos ciganos”, afirma. Na sua opinião é esta “a chave para libertar o futuro potencial dos ciganos e que dotará os jovens desta minoria das competências de que necessitam para sair do ciclo vicioso da discriminação, exclusão e pobreza”.

Segundo o relatório, agora divulgado, apenas 15% dos jovens ciganos adultos inquiridos concluíram o ensino secundário geral ou profissional, em comparação com mais de 70% da maioria da população vizinha; em média, menos de 30% dos ciganos inquiridos têm emprego remunerado, cerca de 45% vivem em casas que não têm electricidade, ou cozinha, ou casa de banho, chuveiro ou banheira.

O relatório revela também que, em média, cerca de 40% dos ciganos inquiridos pertencem a agregados familiares em que alguém foi dormir com fome, pelo menos uma vez, no último mês, por falta de meios para adquirir alimentos.

Esta investigação realizada por quatro organizações internacionais [FRA, PNUD, Banco Mundial e Comissão Europeia] conclui que “os desafios com que a comunidade cigana se confronta são tão graves que requerem uma resposta concertada” defende Andrey Ivanov, conselheiro político sénior do PNUD para o Desenvolvimento Humano e a inclusão dos ciganos.