in Público on-line
Um em cada quatro dos alunos sujeitos a um plano de recuperação não alcança os seus objectivos, um número considerado hoje “elevadíssimo” pelo ministro da Educação.
Segundo um relatório de avaliação sobre o impacto dos planos de recuperação no ensino básico, 25% dos alunos abrangidos “não alcançam os seus objectivos, apesar de a taxa de sucesso ter tido uma evolução positiva” desde que começaram a ser aplicados em 2005.
“É um número elevadíssimo”, afirmou Nuno Crato, à margem do seminário “Sucesso educativo: Desafios e oportunidades”, que decorre em Lisboa, esta sexta-feira, e onde foi divulgado o relatório do Ministério da Educação.
Para o ministro, é necessário os pais e as escolas concentrarem-se em apoiar estes alunos.
“Não queremos desistir de nenhum aluno, queremos que todos progridam”, mas de uma forma real: “Não serve de nada fazer progressos fictícios e dizer que os alunos passam e alcançam resultados, quando não os alcançam”, frisou.
O valor máximo de insucesso verifica-se na região de Lisboa e Vale do Tejo (54%) e o mínimo no Norte (13%).
“A evolução foi positiva em todas as regiões do país, à exceção da região do Algarve, onde se registou uma diminuição de 5% no sucesso dos planos. Em média, tem sido o Norte a alcançar os melhores resultados, seguido da região Centro”, acrescenta.
A grande maioria dos planos corresponsabiliza as famílias pelo seu êxito. Contudo, registam-se casos de grande dificuldade dos docentes em conseguir que os encarregados de educação compareçam na escola, para tomarem conhecimento dos planos e os subscreverem.
Apoio dos pais é importante
Para Nuno Crato, o apoio dos pais aos professores é uma “parte essencial neste processo”.
“Tem de ser dito repetidamente aos pais que devem promover a exigência da escola”, ajudando os professores na “procura de soluções educativas exigentes”, defendeu.
Por outro lado, os professores também devem ter “um nível de exigência adequado e puxarem pelos seus alunos para que atinjam patamares mais avançados, em vez de baixarem os braços”.
O relatório aponta que a falta de recursos humanos e físicos é uma condicionante ao bom funcionamento dos planos, que são aplicados a cerca de um terço da população escolar do ensino básico.
Como alternativa às estratégias usadas dentro da sala de aula, os professores tentam recorrer a apoios em locais exteriores mas, em muitos casos, não existem alternativas, mesmo quando se trata de poucos alunos.
Esta falta de recursos não é sentida do mesmo modo pelos agrupamentos TEIP (Programa dos Territórios Educativos de Intervenção Prioritária), que dispõem de uma equipa mais vasta de educadores, psicólogos e mediadores.
Limitações
Relativamente às aulas de apoio acrescido, foram assinaladas duas limitações: por um lado, representam uma sobrecarga horária para os alunos e, por outro, são em alguns casos impraticáveis pelas limitações horárias dos alunos, devido ao uso do transporte municipal.
Como solução de recurso, alguns agrupamentos de escola usam as aulas de estudo acompanhado para propiciar o apoio necessário a estes alunos.
Os docentes apontam como benefício deste plano “um maior envolvimento e responsabilização tanto por parte dos alunos como dos encarregados de educação”.