28.5.12

“Até os pobres podem ajudar e repartir”

Rui Miguel Graça, in Correio do Minho

Chegou a hora da sociedade civil mostrar serviço e dar as mãos. O Estado Providência terminou e era um facto insustentável. Foi esta a principal mensagem deixada na sessão de abertura da conferência ‘Voluntariado: criar elos na sociedade’, que decorreu ontem no auditório da biblioteca municipal de Barcelos.

Rui Barreira, Daniel Serrão, Elza Chambel foram algumas das figuras mais ilustres que dissertaram ao longo do dia sobre o tema do voluntariado, num evento promovido pela Santa Casa da Misericórdia de Barcelos.

O provedor da Santa Casa, António Pedras, deixou uma mensagem forte, considerando as misericórdias “uma escola de vida”, face aos cenários com que se deparam na sua lide diária.
Para António Pedras, durante muito tempo “as misericórdias estiveram fechadas”, isto é, “a sua missão prendeu-se em demasia com os cuidados hospitalares”. “As visitas aos doentes, às escolas, aos lares e até às prisões foram um bocado esquecidas. Está na hora da sociedade civil dar as mãos. Até os pobres podem ajudar e repartir”, des tacou.
O provedor salientou ainda que “a missão exige regularidade. Num momento de crise social é necessário funcionarmos em rede”.

Pegando nessa ideia, Isolete Matos, apresentou o projecto Elos, um trabalho que nasceu em Novembro de 2011, com o objectivo de atingir níveis de excelência e que tem os idosos como principal preocupação. Entretenimento, combate à solidão, apoio individualizado e acção concreta na área da saúde são os pilares deste projecto. Envolver as escolas e os jovens, de modo a criar uma rede de interacção é um dos pontos que tem vindo a ser trabalhado.

Diga-se ainda que a autarquia barcelense marcou presença na sessão de abertura. O vereador César Pires incidiu o seu discurso nas reais razões que levam uma pessoa a tornar-se voluntário. “O desinteresse total tem que existir obrigatoriamente, isto é, um verdadeiro voluntário é aquele que ajuda sem ter qualquer tipo de interesse. Se estiver envolvido, mas para ajudar o vizinho ou um familiar não permite que haja o distanciamento necessário para este tipo de entrega e acções”.