30.5.12

Três em cada dez crianças portuguesas vivem muito mal

in RR


Pobreza infantil em Portugal é superior ao nível de pobreza em geral. Unicef alerta para o impacto da crise na vida das crianças.

A Unicef receia um aumento da precariedade junto das crianças e afirma que o pior ainda está para vir nos países industrializados. Segundo o relatório divulgado esta terça-feira, Portugal é dos países europeus, num total de 29, que apresenta taxas de privação infantil mais elevadas. Pior só a Bulgária e a Roménia.

Segundo este relatório, praticamente três em cada 10 crianças portuguesas (27%) vivem em situação de carência económica. Segundo a Unicef, é considerada carenciada uma criança que não tem acesso a duas ou mais das 14 variáveis de base, tais como três refeições por dia, um local tranquilo para fazer trabalhos de casa, ter livros educativos em casa ou uma ligação à internet.

Noutra vertente do estudo, a Unicef indica que quase 15% das crianças portuguesas vivem abaixo do limiar de pobreza. O relatório da Unicef, que foi apresentado esta terça-feira em Bruxelas, indica ainda que, em Portugal, a pobreza infantil é mais elevada do que a pobreza em geral.

“Este dado mostra que algumas das medidas não estarão a chegar às crianças e é um dos indicadores que a Unicef destaca para mostrar que há países que estão a fazer muito melhor do que outros na protecção das suas crianças, nomeadamente os nórdicos e a Holanda, que têm níveis de pobreza infantil mais baixos do que o nível de pobreza em geral da população”, diz à Renascença a presidente da Unicef em Portugal, Madalena Marçal Grilo.

“Quando o desemprego aumenta, quando há aumentos de impostos ou quando há cortes sociais, pode haver reflexo nas crianças e, por isso, é importante olhar para essas medidas e saber qual o impacto que vão ter nas famílias mais vulneráveis”, refere Madalena Marçal Grilo.

O estudo “Medir a Pobreza Infantil nos países industrializados”, do gabinete de investigação da Unicef, utilizou dados estatísticos da União Europeia relativos a 2009, que ainda não reflectem o impacto da actual crise nas crianças. É por isso que os investigadores da agência das Nações Unidas consideram que o pior ainda está para vir.