Por Ana Tomás, in iOnline
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) afirma que a redução de salários e a aposta nas exportações não serão suficientes para resolver os problemas económicos portugueses.
O facto de os países europeus estarem muito dependentes entre si nas políticas económicas recessivas que aplicam faz com que se verifiquem bloqueios mútuos ao crescimento, diz a organização.
“Quando vários países europeus com fortes relações comerciais entre si aplicam ao mesmo tempo políticas de desvalorização fiscal, o resultado é uma austeridade concertada que resulta numa recessão simultânea”, considera a organizaçãonum artigo publicado esta quarta-feira, no seu site, e onde Portugal é citado como exemplo desse círculo.
Em matéria de salários, a organização fala da recente revisão laboral, onde se inclui o decréscimo dos valores do trabalho extraordinário e a diminuição dos custos das empresas com os despedimento, e refere que essas mudanças tiveram como objectivo de fundo “aumentar a competitividade do sector exportador em relação a países competidores. Antes da introdução oficial do euro, países com grandes défices comerciais recorriam à desvalorização cambial, instrumento inexistente em países do euro”.
A OIT lembra que países como a Suécia, a Argentina e, recentemente, a Islândia também já adoptaram políticas de redução de salários e da despesa do Estado mas fizeram ao mesmo tempo uma desvalorização cambial.
E mesmo um aumento das exportações não será suficiente para os países crescerem, porque, segundo a organização, haverá uma transferência de trabalhadores de uns países para os outros, resultante da deslocalização de fábricas.
A este factor acrescem as projecções de outras entidades que alertam para uma possível queda das exportações portuguesas, a partir do próximo ano, devido à contracção económica em alguns dos principais mercados de destino, que são a grande maioria (70%) países europeus. Só a Espanha representa 20% da exportações portuguesas.