Paulo Ribeiro Pinto, in JN
No 3.º trimestre o número de desempregados teve o maior aumento desde 2011 (+45%). Estão sem trabalho 404 mil portugueses, mais 125 mildo que há apenas três meses.
Os empregos criados durante os meses do verão foram precários, de baixos salários e para trabalho a tempo parcial. Os primeiros a sofrer o impacto da crise foram também os que mais depressa regressam ao mercado de trabalho dado o vínculo mais frágil.
E foi isso aconteceu com o emprego criado no 3.º trimestre. Houve um aumento de 68,7 mil postos de trabalho face ao 2.º trimestre, apesar de ainda não ter recuperado para os níveis do início do ano.
De acordo o Instituto Nacional de Estatística, foi na categoria de "outras situações" (que inclui os mais precários dos precários, como os temporários ou prestação de serviços) que se verificou o maior aumento, de 26,5% face ao 2.º trimestre, de 92,1 mil trabalhadores para 116,5 mil. Nos contratos a prazo verificou-se uma descida muito pequena (0,2%), o que indica que há contratos que acabam e não são renovados.
MAIS COM SALÁRIOS BAIXOS
Outro indicador que nos aponta a qualidade dos empregos criados é o salário líquido pago e foi nos escalões mais baixos que também mais aumentou. De acordo com os cálculos do JN/Dinheiro Vivo, para o escalão de rendimento até 310€/mês entraram cerca de 16 700 pessoas, representando um aumento de 25,4%. Para o escalão seguinte (até 600€) - mais 15 700 pessoas do que no 2.º trimestre.
Mas também o trabalho a tempo parcial, considerando agora o total da população, teve um reforço mais acentuado de 6,4%, face ao 2.º trimestre, enquanto no caso do trabalho a tempo completo teve um crescimento abaixo de 1%.
O número de pessoas desempregadas no 3.º trimestre disparou mais de 45%, registando a maior subida trimestral desde 2011, quando se iniciou a atual série do INE. Face aos três meses anteriores são mais 125 700 pessoas sem trabalho, atirando a taxa de desemprego para 7,8%, mais 2,2 pontos percentuais, para um total de 404,1 mil portugueses.
O alívio nas medidas de confinamento fizeram aumentar a taxa de desemprego, permitindo às pessoas saírem de casa e procurarem emprego ou estarem disponíveis para começarem a trabalhar e que foram contabilizadas como inativas.