Jéssica Sousa, in Jornal Económico
Alexandra Leitão reconhece que além do aumento do salário mínimo de 30 euros para 665 euros, também o aumento de dez euros aos salários dos níveis 5,6 e 7 contribuem para uma compressão na tabela remuneratória que prejudica, principalmente, os funcionários do setor público com salário dos níveis mais elevados.
A ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública considera que o atual salário mínimo de 665 euros na administração pública “ainda é baixo”, no entanto, estima que a meta do Governo para esta legislatura seja cumprida: chegar a 2023 com um salário base de 750 euros.
Questionada pelo PSD e pelo Bloco de Esquerda, esta terça-feira, numa audição na Comissão de Administração Pública, Modernização Administrativa, Descentralização e Poder Local, no Parlamento, sobre se o aumento do salário mínimo resulta numa compressão na tabela remuneratória, Alexandra Leitão afirma que sim, argumentando, no entanto, que é necessário “atender às necessidades” das pessoas que ganham menos.
“Temos que noção que isso tem um efeito de compressão na tabela remuneratória, reduzindo as distâncias entre cada posição e sendo particularmente penalizadora para os técnicos superiores que, estando numa posição remuneratória superior acabam por não ter estes aumentos”, disse, acrescentando que “a compressão é algo que nos preocupa”.
Em resposta aos dois partidos, Alexandra Leitão assegura que que nas próximas reuniões entre o Governo e os líderes sindicais, “iremos trabalhar na revisão do SIADAP”, o processo de revisão do sistema de avaliação de desempenho nas carreiras gerais da função pública, de forma a que o Governo possa gerir essa compressão.
“Estamos abertos a outros trabalhos com os sindicatos para que possa ser melhorado em várias áreas. Se me pergunta se vai ser possível tirar completamente as quotas, imagino que isso não venha a ser possível, mas há seguramente outras dimensões que trabalharemos com abertura com os sindicatos”, afirmou.
Os sindicatos da função pública têm vindo a exigir a revisão da tabela remuneratória devido à progressiva compressão das margens entre os salários dos diferentes níveis, e que na maioria dos casos demoram dez anos a atravessar. Ao mesmo tempo, exigem a revisão do sistema de avaliação dos funcionários, o SIADAP, que o Governo já admitiu pretender simplificar e anualizar para tornar as progressões mais rápidas.