Joana Gorjão Henriques, in Público on-line
Aumento de imigração da Índia, Bangladesh, Nepal e Sri Lanka tornou Nova Deli num “dos dez postos diplomáticos que maior número de vistos emite”, afirma Ministério dos Negócios Estrangeiros. Comunidade pondera ir protestar para as ruas.
Vivem em Portugal, já têm autorização de residência e pedido de reunificação familiar aprovado pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) mas não conseguem trazer as suas famílias porque a embaixada portuguesa em Nova Deli não emite os vistos. Há famílias que estão a ficar desesperadas. Estas são queixas feitas ao PÚBLICO por Zuber Ahmed, presidente da Associação do Bangladesh no Barreiro, que estima em cerca de 500 o número de pessoas nesta situação.
Contactado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) admite o atraso e afirma que enviou uma missão especial da Direcção de Serviços de Vistos para a embaixada portuguesa em Nova Deli, que iniciaria funções nesta semana, exactamente por causa disso. Segundo o MNE, esta secção teve uma subida do número de pedidos de visto nos últimos anos “fruto do aumento da imigração com origem em países desta região asiática coberta pela Embaixada (Índia, Bangladesh, Nepal e Sri Lanka)”, sendo hoje um “dos 10 postos diplomáticos que maior número de vistos emite”.
Zuber Ahmed diz que há mesmo cerca de 300 pessoas que estão à espera há quase um ano. “Como residentes as pessoas têm direito a trazer a família. Antes da pandemia este processo demorava uma semana, agora é um ano. Isto causa muitos problemas, algumas famílias separaram-se por causa disto”, comenta por telefone. Zuber Ahmed vive em Portugal há seis anos e já tem a família a viver no Barreiro mas tem recebido muitas queixas da sua comunidade sobretudo desde há mais de um mês.
O MNE diz que espera “que dentro de algumas semanas esteja recuperado o atraso que agora se regista no processamento dos pedidos de visto”, e explica que “esta situação ocorreu a par com a eclosão da pandemia, que acarretou constrangimentos na prestação de serviços públicos, tais como a obrigatoriedade de cumprir confinamentos, isolamentos profilácticos, distanciamento social na organização dos serviços, entre outros, o que gerou prazos mais dilatados para processamento dos pedidos”.
Zuber Ahmed admite que a comunidade vá em protesto para as ruas se a situação não melhorar.